
Como alguém que compartilha muitas das visões políticas do deputado Gustavo Gayer (PL-GO), sinto-me no dever de expressar uma preocupação crescente sobre a forma como ele tem conduzido certos embates no cenário político. Reconheço a importância de uma voz forte na defesa de nossos valores, e sempre admirei a combatividade de Gayer. No entanto, acredito que a recente controvérsia envolvendo a ministra Gleisi Hoffmann e o presidente Lula demonstra um grave equívoco estratégico.
Não me interpretem mal, a fala do presidente Lula, ao indicar que nomeou uma “mulher bonita” para um cargo de articulação política, foi, no mínimo, infeliz e carregada de um machismo velado que não podemos tolerar. Precisamos, sim, denunciar essas atitudes e cobrar uma postura mais respeitosa e igualitária por parte de todos os líderes políticos.

O problema é que a reação do deputado Gayer, ao responder a essa fala com insinuações e ofensas, acabou por desviar o foco do verdadeiro problema. Em vez de manter a pressão sobre Lula e expor a misoginia presente em suas palavras, Gayer deu à esquerda a munição que ela precisava para transformá-lo no vilão da história.
Atitudes como essa não apenas prejudicam a imagem do próprio Gayer, que passa a ser visto como um radical descontrolado, mas também enfraquecem o espectro político da direita como um todo. Em vez de apresentar argumentos sólidos e propostas consistentes, caímos na armadilha da troca de ofensas pura e simples, o que só serve para afastar eleitores indecisos e fortalecer a narrativa de que a direita é intolerante e desrespeitosa.
Este não é um caso isolado. Podemos lembrar, por exemplo, das declarações inflamadas do ex-deputado Daniel Silveira (RJ), que, infelizmente, culminaram em sua prisão. Seus excessos, por mais que expressassem uma indignação compartilhada por muitos, acabaram por deslegitimar sua voz e prejudicar a causa que ele pretendia defender.
Precisamos ser mais inteligentes em nossa abordagem. Precisamos focar em apresentar soluções concretas para os problemas do país, em defender nossos valores com argumentos racionais e em expor as falhas e contradições da esquerda de forma clara e objetiva. A troca de ofensas e as provocações gratuitas não nos levarão a lugar algum.
Espero que o deputado Gustavo Gayer e outros líderes da direita reflitam sobre essa questão. Precisamos aprender a lutar nossas batalhas com inteligência e estratégia, sem cair em armadilhas que só servem para nos enfraquecer. O futuro do Brasil depende de um debate político sério e construtivo, e não de um festival de ofensas e ataques pessoais.