sexta-feira, 19 abril 2024

Os desafios das gestantes na pandemia

Estamos vivenciando algo inédito para a geração atual, mas não tão estranho para quem viveu outras doenças com poucos recursos. Situação que expõe a humanidade a um cenário delicado e vulnerável, porque o inimigo é invisível. Neste contexto, falar de felicidade parece utópico ou no mínimo insensato. Entretanto, vejo a pandemia como um momento para treinarmos nossas virtudes, principalmente a paciência e a resiliência. 

Pensando nas mulheres grávidas, volto à gestação dos meus filhos. A primeira aos 19 e a segunda aos 20 anos. Em ambas, no primeiro mês não sabia da gravidez e o nono não vivi, porque meus filhos nasceram de oito meses. Os demais meses passei imóvel na cama, com medo de perdê-los, pois na época não existiam exames adequados. O que afligia meu corpo também era invisível. Diziam apenas que era rejeição fetal do organismo. Nesses meses de angústia, quem me sustentou foi Deus, minha família e meus amigos. 

No cenário atual, diante de uma nova vida que está para chegar, a incerteza coletiva também provoca angústia no coração das gestantes. O momento é de estreitar laços com Deus, que nos sustenta em toda a caminhada, e de mudar conceitos e hábitos. Para muitos o conceito de felicidade é a busca incessante do preenchimento de desejos. Nesse momento, Deus nos convida a analisar e separar o que é indispensável do dispensável. 

Devido à pandemia, pode-se pensar num parto prematuro e na necessidade de ir para o hospital com doentes contaminados com o vírus. Também temos que levar em conta os medos naturais de uma gravidez, tais como, prejudicar a saúde do bebê, pois o corpo materno abriga o filho. Com a ansiedade vêm também os sentimentos negativos e a preocupação disso afetar o bebê. Vale lembrar que cuidados físicos, alimentares e o isolamento protegem a ambos. 

Reconheça os medos e procure respostas reais para cada um deles. Acenda a luz interna que permite ver os problemas sem a deformação das sombras que provocam tantas angústias desnecessárias. 

Mudar conceitos permite tirar escamas dos olhos e ver a realidade de forma diferente, exigindo também mudanças de hábitos para que possa acontecer uma transformação. 

Tanto a gravidez como a pandemia podem ser um momento de crescimento e de maior contato consigo mesma. Esse contato favorece o autoconhecimento e pode tirar as pessoas da superficialidade, das justificativas para a falta de decisão, de propósitos, de não se deixar levar pela realidade, mas a se propor a construir um mundo melhor. A oportunidade de buscar o equilíbrio emocional e assertividade diante dos problemas é transformá-los em bem-aventuranças. “Bem-aventurados os que choram, porque Deus os consolará” (Mt 5,4). 

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