quarta-feira, 24 abril 2024

Pandemia pode aumentar a desigualdade educacional

A pandemia de Covid-19 escancarou o que já era sabido por muitos: a desigualdade educacional no País é altíssima e desencadeia em diversos outros problemas sociais e econômicos. Com dimensões continentais, o Brasil já vinha penando no âmbito educacional, conforme mostrou o ranking global segundo o Anuário de Competitividade Mundial 2020, que o fez amargar a 63ª posição, última da lista. O que chama atenção é que, embora 6% do PIB seja destinado à pasta Educação – algo comparável a países ditos de primeiro mundo – o valor investido por estudante está abaixo da média mundial. Reflexo disso é que, apenas 19% da população de 25 a 34 anos alcança o nível superior de ensino, contra 42% da média mundial.

Se no cenário pré-pandemia os índices não eram animadores, o que esperar agora, que enfrentamos uma das maiores crises – econômicas e sanitárias – e que trazem reflexos negativos na educação? Com as medidas de isolamento social e consequente suspensão das aulas presenciais, a realidade do ensino foi duramente impactada. Novamente, classes menos favorecidas sofreram mais por inúmeros motivos e o principal deles foi pela falta de estrutura tecnológica, impedindo-os de acompanhar as aulas remotas. Estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas mostra que alunos brasileiros tiveram menos horas/aula do que o estabelecido pela Lei de Diretrizes Básicas da Educação. Foram em média 2,37 horas contra quatro horas recomendadas. Existem diferenças enormes entre as regiões do País e, mesmo os melhores exemplos, ainda entregam resultados ruins.

Uma vez que existam tantos desafios e entraves na esfera pública, como déficits orçamentários, falta de qualificação dos profissionais e de investimentos em estruturas, a iniciativa privada tende a suprir essas demandas e assume também um papel importante na formação de cidadãos, o que, espera-se, fará a desigualdade social diminuir. Isso porque, ainda segundo a FGV, a cada ano de ensino representa cerca de 15% de ganho a mais em salário e aumenta em 8% a chance do aluno conseguir um emprego no futuro.

Os dados revelam que há uma grande lacuna a ser preenchida no que diz respeito à educação do Brasil. O segmento deve adaptar-se à realidade dos alunos e a tecnologia se mostrou crucial para o aprendizado, sobretudo na pandemia. Longe de ferramentas caras e inacessíveis ou em um ambiente que lembre uma matrix, o jovem precisa mesmo é de uma dinâmica em sala de aula que favoreça a comunicação entre alunos e os incentivem a trocar experiências e conhecimentos.

O cenário é favorável e não à toa o número de matrículas nas escolas privadas cresceu 1,55%, passando dos 8.995.249 de 2018 para 9.134.785 em 2019. Se é consenso entre pais, educadores e sociedade geral que a educação é a chave para mudar o País, resta a nós investirmos em projetos e negócios que de fato promovam a mudança.

Escrito por: Nathan Schmucler, graduado em administração de empresas
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