sábado, 20 abril 2024

Pandemia, projetos sociais e planejamento

A pandemia certamente ficará entre as palavras mais ditas do ano de 2020. No segmento cultural, ficaram evidentes os prejuízos, e muitos setores ainda se debruçam em busca de caminhos para o futuro. 

Meu foco hoje são os chamados projetos de formação, que são de continuidade e costumam ser realizados, por exemplo, em escolas e instituições sem fins lucrativos, de oferta gratuita de aulas diversas, em geral para crianças e jovens de regiões de vulnerabilidade. Poderia citar uma lista sem fim de exemplos, de aulas práticas e de formação em música, como canto coral, instrumentos musicais, dança, práticas esportivas, entre muitas outras. Com a chegada da pandemia, como aconteceu com todas as atividades presenciais em grupo, os projetos socioculturais e esportivos, de modo geral, inicialmente foram suspensos. Foi preciso pensar em maneiras de se adequar ao cenário possível, usando o ambiente digital. 

Mas essa transição, para iniciativas que recebem patrocínios via incentivos fiscais, usando diferentes leis de incentivo, não foi tão simples. A execução e a prestação de contas para estes projetos seguem uma série de regras. Migrar para o mundo virtual não foi só uma questão prática mas, além da preocupação em garantir o acesso à internet e aos equipamentos para os participantes, foram necessárias inúmeras medidas burocráticas para obter aprovações por parte dos órgãos responsáveis. E deu certo. Na nossa prática, de assessoria na gestão dos projetos incentivados, todos foram muito bem sucedidos nessa transição e conseguiram manter a oferta das atividades com qualidade, dentro do melhor cenário possível para o momento. 

E o que vem por aí? Esses projetos socioculturais e esportivos que têm essa característica de continuidade devem começar o próximo ano já bem mais preparados para este contexto ainda instável, planejados para seguir em frente com atividades virtuais, se necessário, mas prontos para estabelecer novas rotinas presenciais nas regiões em que for possível. Em 2020, eles têm dado todas as provas de que são confiáveis, que contam com equipes engajadas, e que fizeram uma grande diferença para o bem estar das crianças e jovens nestes tempos de isolamento social. 

Mas, para tudo seguir adiante, a engrenagem só se completa realmente com a participação dos patrocinadores. As leis de incentivo são um caminho direto, seguro, sem custos para empresas que desejam investir em responsabilidade social. As entidades precisam que os apoios cheguem logo, para que elas também possam se planejar. As iniciativas que serão executadas em 2021 com recursos da Lei Federal de Incentivo Fiscal, a Lei Rouanet, por exemplo, precisam receber os aportes das empresas até o fim deste ano. A pandemia escancarou que o ser humano precisa da arte e da cultura, e a sociedade mostra cada vez mais que espera das organizações uma postura socialmente ética e responsável. Caminhos não faltam. 

 

Escrito por: Antoine Kolokathis | Produtor e Consultor Cultural  

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