
Nós últimos anos os evangélicos se tornaram um dos assuntos principais da política, seja pela importância representativa seja pelas pataquadas da famosa bancada evangélica nas câmaras e no Senado.
O movimento evangélico político-partidário vem se estruturando há alguns anos, mas foi na eleição presidencial retrasada que ele tomou maiores e piores proporções.
Contudo, enganam-se aqueles que acreditam nas falas propostas por esse movimento. Na verdade, deve-se considerar que: 1) bancadas evangélicas não representam a totalidade e nem a maioria dos evangélicos; 2) bancadas evangélicas devem defender o direito constitucional de todos, e não apenas de um determinado setor da sociedade; e, o mais importante, 3) o evangelho de Jesus não pressupõe poder político, mas luta em favor da justiça, libertação da opressão, e restabelecimento do respeito e da dignidade humana.
Os religiosos dos dias de Jesus foram abertamente criticados por ele por terem transformado a estrutura religiosa num meio de exercer poder sobre as pessoas e, de certa forma, influenciar o Estado (coisa que aconteceu na denúncia e julgamento de Jesus).
É vergonhosa a maneira antidemocrática como muitos evangélicos têm, politicamente, se comportado. Em nome de um projeto de poder dos seus líderes, querem extinguir direitos de outros cidadãos, esquecendo-se, por exemplo, de que a liberdade de culto é um direto constitucional. Diga-se aqui, um direito que todas as religiões têm, inclusive as de matrizes africanas, tão perseguidas por muitos cristãos.
Alguns políticos ditos cristãos deveriam conhecer melhor sobre democracia, teologia, sociologia, filosofia, história, ética, fé e sobre o divino, para que pudessem compreender a dimensão pública e comunitária dos cargos que ocupam.
O Estado não está para servir à Igreja e nem a Cristo. O Estado é uma produção humana que, se bem administrado, deve servir às pessoas, em todas as suas condições. Assim, o dinheiro do Estado, fruto dos impostos pagos direta e indiretamente pela população, não deve patrocinar eventos religiosos, partidários, e nem de qualquer outra natureza que não seja garantir o bem estar da população.
Daqui há pouco iniciaremos um novo processo eleitoral, portanto, tenha um filtro democrático, ético e verdadeiramente evangélico, no sentido de, através da escolha dos candidatos e do voto, zelar pelo bem de todos, inclusive daqueles que pensam diferente de você.
Hoje, e sempre, digo NÃO à politização da religião; Hoje, e sempre, digo SIM, à laicidade do Estado e sua missão de governar para todos; digo SIM à religiões como instrumento sagrado de apoio às pessoas e de desenvolvimento de uma espiritualidade saudável.