
O cenário político nacional pode estar prestes a receber seu 30º integrante. O Ministério Público Eleitoral (MPE) publicou nesta terça-feira (23) um parecer favorável à criação do Partido Missão, sigla vinculada ao Movimento Brasil Livre (MBL). Agora, o destino da agremiação está nas mãos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deve julgar o pedido de registro em até 30 dias.
A decisão do MPE, assinada pelo vice-procurador-geral eleitoral Alexandre Barbosa, confirma que o grupo cumpriu todas as exigências legais para a fundação de um partido político. Isso inclui a coleta de mais de 500 mil assinaturas de eleitores e a devida elaboração do programa e do estatuto partidário. O parecer registra que o “Requerente cumpriu a fase administrativa e atendeu as exigências necessárias para a perfectibilização do pedido de registro do partido político.”
Com uma onça como mascote e o número 14 (anteriormente usado pelo extinto PTB) reservado para as urnas, o Missão se propõe a defender bandeiras já conhecidas no espectro da direita brasileira, como a “redução do Estado” e a pauta da “guerra às drogas”.
Um “Novo” Despenteado?
No entanto, a expectativa em torno do Partido Missão vai além das formalidades. Nos bastidores, analistas preveem que a nova sigla deve, na prática, se consolidar como uma versão mais jovem do Partido Novo.
A convergência reside nas pautas econômicas liberais e na retórica anti-establishment. A diferença, porém, estaria no perfil e no estilo. Se o Novo se notabilizou por uma imagem mais “corporativa” e formal, espera-se que o Missão adote uma postura mais “despenteada” e ligada à juventude
O que se projeta é um partido formado majoritariamente por jovens adultos, muitos deles criados em centros urbanos, que migraram da militância digital e dos movimentos de rua para a política partidária.
O Missão, portanto, poderia ser a tradução eleitoral de uma geração que se politizou em torno de figuras e temas da nova direita, prometendo ares de renovação, mas caminhando em trilhas ideológicas semelhantes às do Novo.
Se for aprovado pelo TSE, o Missão se tornará o 30º partido do Brasil, agitando as movimentações políticas com a injeção de uma nova (e jovem) força conservadora.
Para onde o Missão vai?
Com o TSE como a próxima e última instância para o registro, a política brasileira aguarda a decisão que pode consolidar o MBL como um ator político de pleno direito nas próximas eleições. Qual será o impacto desse “Novo” com roupagem teen no equilíbrio de forças da direita? O tempo dirá.
Luiz Gustavo Klein é advogado e comentarista político.