quinta-feira, 26 dezembro 2024

Genivaldo

 Por Ailton Gonçalves Dias Filho

O mês de maio produziu uma das cenas mais tristes e chocantes em nosso país: a morte de Genivaldo de Jesus Santos. Genivaldo foi assassinado pela Polícia Rodoviária Federal. Sua morte deve produzir na sociedade brasileira algumas reflexões. Quero trazer à baila algumas delas.

Primeira, a morte de Genivaldo Santos revela o despreparo de alguns policiais. No caso específico, de policiais rodoviários federais. Genivaldo foi abordado pela falta de uso de capacete. Estava de motocicleta. Na abordagem não oferecia nenhum perigo à integridade física dos policiais. 

Não havia necessidade do uso de uma força excessiva. Ele morreu asfixiado dentro da viatura dos policiais. O laudo do IML apontou insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica. Genivaldo não apresentou nenhuma reação que justificasse a ação dos policiais. Uso excessivo de força. Despreparo total. O que se espera de um policial, qualquer um, é um certo equilíbrio em abordagens. Equilíbrio. Bom senso. Simpatia. Boa percepção do momento. Não vimos nada disso nas imagens que chocaram o mundo. Mesmo erro e mesmo despreparo nos policiais que abordaram George Floyd, nos EUA. Alguma coisa precisa mudar no curso de formação da Polícia Rodoviária Federal.

Segunda reflexão: a infração de Genivaldo, trafegar em motocicleta sem o uso adequado do capacete, é a mesma infração que o Presidente da República já cometeu inúmeras vezes em seus passeios sem sentido de motocicletas. Porque a PRF não o abordou em nenhum momento para orientá-lo, lembrando a ele que ninguém está acima da lei. Aliás, dele deveria vir o melhor exemplo. Não é o que acontece. Infelizmente. Reiteramos neste espaço democrático: ninguém está acima da lei. 

A terceira reflexão  tem a ver com o preparo daqueles que se encontram investidos de autoridade. Todo o poder que uma autoridade recebe, num sistema republicano, é poder para servir. Até mesmo o policial, que faz uso de armas, seu objetivo primeiro é servir. Ser servo mostra a grandeza do ser humano. Tratar o abordado com humanidade é dever de todos. Devemos tratar os outros como nós gostaríamos de ser tratados. Regra áurea de um bom relacionamento. Genivaldo não era bandido. E, se fosse, até os bandidos devem ser tratados como seres humanos. Merecedores da dignidade humana.

Que os erros cometidos na cidade sergipana de Umbaúba não se repitam em nosso querido Brasil.

Aprendamos com nossos erros. 

Por um país mais justo, fraterno e amigo! É o meu anseio!

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