quinta-feira, 26 dezembro 2024

Independência ou morte

O quadro social, depois de 200 anos, ainda é desolador. Os desafios são enormes

Foto: Ailton Gonçalves Dias Filho

Hoje celebramos o bicentenário da Independência do Brasil. No início do ano, escrevi neste espaço falando da decisão de Dom Pedro I de ficar no país, o Dia do Fico, como ficou conhecido. Na ocasião, escrevi que esse dia funcionou como um prelúdio daquilo que aconteceria em 7 de setembro. Em certo sentido, a decisão de Dom Pedro I foi um passo largo dado rumo à independência.

Em dezembro de 1821, o Príncipe Regente recebe ordens para voltar a Portugal com o objetivo de concluir seus estudos acadêmicos. Esta ordem alarmou toda uma elite rural e política no Brasil. A insegurança que uniu a todos era que o retorno de Dom Pedro fecharia as portas aos direitos adquiridos com a elevação do país na condição de Reino Unido.

Sem Dom Pedro por aqui, o Brasil poderia retroceder ao “status” de Colônia, perdendo dividendo nas relações comerciais com o exterior. Os primeiros meses de 1822 foram de intensa pressão sobre o Príncipe Regente. Pressão dos dois lados. Havia os interesses da Corte Portuguesa. Havia os interesses da elite brasileira. Havia também os interesses da família real.

O 7 de setembro de 1822 foi o passo mais largo em direção à independência. O “grito” do Ipiranga, “independência ou morte”, apontava para a disposição do Brasil em conseguir seu rompimento das garras da Corte Portuguesa. Foi o pontapé inicial de uma luta que se descortinava. O 9 de janeiro de 1822 foi o preâmbulo dessa luta.

Hoje, passados 200 anos, reconhecemos que nossa maior data é o 7 de setembro. Nosso principal feriado cívico que ainda nos emociona e enche de orgulho. É a data que começou a firmar nossa identidade como nação livre.

Passados 200 anos, creio que devemos olhar para o passado com gratidão, reverenciando nossos heróis nacionais e olhar para o presente fazendo sempre uma autocrítica como nação. Reconhecendo que um futuro melhor precisa ser construído e conquistado. O quadro social, depois de 200 anos, ainda é desolador. Os desafios para o país são enormes. A desigualdade social nos entristece e nos envergonha. Ainda precisamos construir um país habitável. Mais justo, mais fraterno e amigo, com oportunidades reais para que cada brasileiro viva com dignidade.

A Independência tem que ser sinônimo de vida e vida em abundância, de qualidade. Para que isto aconteça, é necessário a consciência e a participação de todos. Que Deus nos abençoe na construção de um país melhor para os próximos 200 anos. É isso!

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