segunda-feira, 30 junho 2025
ARTIGO

Punir ou disciplinar

Por
Por Prof. Eng. João Ulysses Laudissi
Engenheiro João Ulysses Laudissi | Foto: Divulgação

Você já ouviu falar no livro 1984, do escritor George Orwell? Foi escrito em 1949, mas voltou a ser assunto quando, em 1999, um programa da TV holandesa chamado Big Brother colocou câmeras por todos os lados e passou a vigiar pessoas 24 horas por dia. Isso fez muita gente pensar: será que estamos vivendo algo parecido?

Esse negócio me fez refletir: tem hora em que o mal vem disfarçado de coisa boa. E, mais ainda, há situações em que a gente precisa saber se é caso de punir ou de disciplinar.

Afinal, qual a diferença?

Punir é quando a pessoa já sabe que está fazendo errado, mas continua mesmo assim. Aí não tem jeito: precisa haver consequência. A punição é como dizer: “Ei, isso tem limite!”.

Já disciplinar é diferente. É quando a pessoa ainda está aprendendo, erra por falta de conhecimento ou de experiência. Nesse caso, em vez de castigar, o certo é ensinar, orientar, mostrar o caminho.

E onde entram as câmeras nisso tudo?

Hoje tem câmera em tudo: na rua, no comércio, no prédio, na escola, até dentro de ônibus. Muita gente vê isso como segurança — e, de fato, ajuda a evitar crimes, identificar suspeitos, dar uma sensação de proteção.

Mas, olha só: quando a gente sabe que está sendo vigiado o tempo todo, o comportamento muda. Passamos a pensar duas vezes antes de agir, mesmo quando não estamos fazendo nada de errado. É como se o medo de estar sendo observado nos fizesse agir diferente apenas para não sermos julgados.

Isso pode parecer bom à primeira vista, mas há um perigo aí: será que estamos fazendo o certo porque acreditamos, ou apenas para evitar punição?

Educar ainda é o melhor caminho

Câmera não ensina caráter. Quem ensina isso é a família, a escola, a sociedade, o exemplo verdadeiro. A tecnologia pode ajudar, mas não resolve tudo. É preciso saber quando corrigir com firmeza e quando ensinar com paciência.

No fim das contas, a pergunta é: queremos uma sociedade que pensa e age com consciência, ou uma sociedade que obedece por medo de estar sendo vigiada?

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