
O caso do feminicídio de Maria Carolina Almeida, que chocou Santa Bárbara d’Oeste e resultou na condenação de José Albert de Menezes a 33 anos de prisão, ganhou um novo e polêmico capítulo. O advogado de defesa, Gustavo Mayoral, confirmou a morte de seu cliente no último sábado (8), em um hospital da região de São José dos Campos.
José Albert, de 25 anos, que cumpria pena na Penitenciária 1 de Potim (SP), foi levado ao hospital no dia 4 e, segundo o defensor, faleceu devido a complicações pulmonares decorrentes de tuberculose. No entanto, a morte está envolta em circunstâncias obscuras.
Morte suspeita
Mayoral levantou dúvidas sobre a causa do óbito. Ele informou que o laudo preliminar apontou também excesso de potássio no sangue, uma condição que, segundo ele, “geralmente é ministrado por injeção”.
“Ainda nos causa estranheza a falta de informações sobre o ocorrido. O próprio IML daquela região entrou em contato com os familiares para relatarem sobre a morte de José Albert. A unidade prisional [P1 de Potim] não avisou os familiares pela morte e também nada foi anexado ao processo”, declarou Mayoral.
Outro ponto que gerou estranheza foi um suposto pedido da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) para o sepultamento imediato do corpo, de acordo com o defensor.
Para confirmar a causa do óbito, foram coletadas amostras do coração, rim e pulmão de Menezes para análise laboratorial. Por se tratar de um procedimento realizado por uma única clínica especializada no Estado, o resultado deve demorar.
Com a morte do réu, o advogado explicou que o processo pelo feminicídio de Maria Carolina será extinto, apesar de a defesa ainda aguardar o julgamento de um recurso que pedia a realização de um novo júri popular.
Indefinição do sepultamento
A liberação do corpo de José Albert e o sepultamento permanecem indefinidos. O irmão dele viajou, nesta terça-feira (11), para a região de Potim para realizar os trâmites e contratar uma funerária que levará o corpo para Aracaju, onde a família reside.
A SAP foi procurada pela reportagem, que aguarda um posicionamento sobre o assunto.
A sentença
Apesar do desdobramento recente, a Justiça havia condenado Menezes a 33 anos de reclusão pelo crime ocorrido em setembro de 2023. O júri popular acatou as acusações de feminicídio, com as qualificadoras de motivo torpe, asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver.
Além da prisão, o condenado foi sentenciado a pagar 100 salários mínimos como indenização aos três filhos de Maria Carolina (8, 11 e 13 anos), que não eram seus, e mais 30 dias-multa.
O julgamento foi marcado pela presença do pai da vítima, Arnaldo de Jesus Vieira, que viajou 2.362 quilômetros de São José da Tapera, em Alagoas, para acompanhar o caso. Após a condenação, Arnaldo demonstrou alívio: “Acabou. Agora é esperar pela justiça de Deus.”
Relembre o crime
Maria Carolina foi assassinada em 18 de setembro de 2023. A investigação policial indicou que José Albert confessou o crime, alegando ter usado um golpe “mata-leão” e, em seguida, descartado o corpo em um bueiro a 30 metros da residência do casal. O cadáver só foi encontrado em 25 de outubro.
Durante o Júri Popular, o réu mudou sua versão, negando o assassinato e dizendo que a confissão inicial ocorreu sob coação. Contudo, o promotor Rodrigo Aparecido Tiago citou o laudo pericial que confirmou a morte por asfixia, em data compatível com a confissão original do réu.




