
Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (3), a delegada Olívia Fonseca, responsável por conduzir o caso envolvendo o vereador piracicabano Cássio Fala Pira (PL) na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Piracicaba, afirmou que o inquérito foi concluído dentro dos 60 dias autorizados pela Justiça. Segundo ela, ao menos 25 mulheres procuraram a unidade ao longo das investigações, e 12 vítimas tiveram seus relatos caracterizados como crimes de natureza sexual, ocorridos entre 2015 e 2025.
“Foram ouvidas pelo menos 25 mulheres relatando condutas muito parecidas. Temos laudos e outros elementos de informação, então é um inquérito robusto. O Ministério Público já ofereceu denúncia identificando que 12 mulheres sofreram crimes de natureza sexual”, afirmou a delegada.
Prisão preventiva
A Justiça converteu nesta quarta-feira a prisão do vereador em preventiva, após o término do prazo da detenção temporária, decretada em outubro.
Segundo a investigação, os delitos apontados incluem estupro e importunação sexual. Outros relatos foram arquivados por falta de tipificação penal, condutas consideradas imorais, mas não criminosas, ou por terem ocorrido antes da legislação que formalizou o crime de importunação sexual.
A delegada ressalta que todo o procedimento foi conduzido dentro do rigor legal e afastou qualquer motivação política na apuração.
“No começo saiu uma nota dizendo que a delegada não ouviu o mandatário público antes de pedir a prisão temporária. É prática, em inquérito policial não há contraditório para a defesa. No inquérito, você apura os fatos e, justamente por isso, pede a prisão do investigado para que ele não interfira no que está sendo apurado. Portanto, não há qualquer ilegalidade. A prisão foi reforçada pelo Ministério Público e, consequentemente, pela juíza”, afirmou Olívia.
Com o inquérito concluído, o caso entra agora na fase processual. As vítimas serão ouvidas novamente, desta vez sob contraditório, e as provas que puderem ser reproduzidas serão refeitas no curso da ação penal.
Defesa nega crimes
A defesa do vereador Cássio Luiz Barbosa afirma que ele recebeu com surpresa a decisão de prisão preventiva e argumenta que não teve oportunidade de apresentar defesa antes da detenção temporária. Os advogados sustentam que o parlamentar sempre colaborou com as autoridades, nega qualquer crime e considera que sua reputação está sendo prejudicada por acusações sem provas.
Eles reiteram a inocência de Cássio, defendem que medidas de prisão são excepcionais e dizem que adotarão todas as ações jurídicas possíveis. A nota reforça o direito à presunção de inocência e pede responsabilidade à imprensa, citando o caso da Escola Base como exemplo de injustiça amplamente divulgada. A defesa afirma permanecer à disposição para esclarecimentos.
Próximos passos
Com a denúncia já oferecida pelo Ministério Público, o processo seguirá para audiência de instrução, quando vítimas e testemunhas voltarão a ser ouvidas e a defesa poderá contestar os elementos reunidos pela Polícia Civil. Cássio segue afastado do mandato por determinação judicial.





