terça-feira, 24 junho 2025
INTERVENÇÃO POLICIAL

Dois PMs são presos por envolvimento na morte de jovem durante abordagem em Piracicaba

A investigação segue sob acompanhamento da OAB de Piracicaba, das seccionais estadual e nacional da Ordem, além do próprio Ministério Público
Por
João Victor Viana, Nicoly Maia e Felipe Gomes

Dois policiais militares foram presos temporariamente nesta terça-feira (24), suspeitos de envolvimento na morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, durante uma abordagem policial ocorrida em 1º de abril deste ano, no bairro Vila Sônia, em Piracicaba. Segundo a investigação do Ministério Público, Gabriel foi baleado na cabeça após os agentes agredirem sua esposa, Rebeca Braga, que estava grávida de oito meses na ocasião.

De acordo com o relato de Rebeca, o casal havia saído para fazer algumas compras — ela para comprar milho e ele para buscar um refrigerante — quando foi surpreendido pelos policiais. Testemunhas afirmam que Gabriel foi revistado, não portava nada ilícito e, ainda assim, foi agredido.

Wesley Rodrigo, primo da vítima e que estava presente no momento da abordagem, afirmou que os policiais passaram a agredir Gabriel com socos no rosto e que, ao tentar intervir, Rebeca também foi agredida. “A esposa dele veio correndo, falou para o policial não fazer isso, e ele a chamou de vagabunda e deu um tapa no rosto dela”, relatou Wesley.

Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva, morto por intervenção policial em Piracicaba\ Foto: Reprodução/Redes sociais

“O objetivo dessa prisão temporária é justamente permitir que as investigações avancem sem qualquer tipo de coação. Sofremos, inclusive nós, advogados, tentativas de intimidação”, afirmou o advogado criminalista Gustavo Pires, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB em Piracicaba, que acompanha o caso.

Segundo o advogado, ao longo da apuração, testemunhas relataram abordagens realizadas sem mandado judicial e intimidações por parte de outros policiais, além daqueles diretamente envolvidos na ocorrência de abril. O próprio advogado e um estagiário relataram ter sido parados e ameaçados. Quatro policiais foram afastados por suspeita de tentar interferir nas investigações.

“As prisões temporárias recaem sobre os dois diretamente envolvidos na abordagem. Já os outros quatro foram afastados por suspeita de envolvimento em episódios posteriores, que prejudicaram o curso da investigação”, explicou o promotor Aluísio Antônio Neto, no início do caso.

Gravações feitas por moradores no dia da abordagem confirmam a presença dos policiais no local. Os celulares dos dois agentes presos foram apreendidos para perícia. Um dos aparelhos estava registrado como furtado, o que também será investigado.

A investigação segue sob o acompanhamento da OAB de Piracicaba, das seccionais estadual e nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, além do próprio Ministério Público.

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