
O homem apontado como mandante do assassinato do vendedor Élcio dos Santos Silva foi preso na manhã desta terça-feira (23), em João Pessoa (PB), durante a Operação “Fim da Fuga”. Marcelo Alves da Silva estava foragido havia 17 anos e foi localizado no bairro Jardim Oceania. A ação foi coordenada pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Americana, com apoio do Departamento de Homicídios de Maceió (AL) e da Polícia Civil da Paraíba.
O mandado de prisão havia sido expedido em 2023 e tem validade até setembro de 2039. Marcelo já havia sido condenado a 14 anos de prisão em processo que tramitou à revelia. Segundo a Polícia Civil, a prisão representa o encerramento de uma longa etapa da investigação e uma resposta à família da vítima.
Vida dupla e documentos falsos
Segundo o delegado da DIG de Americana, Lúcio Antonio Petrocelli, Marcelo nunca havia sido preso ao longo dos 17 anos em que permaneceu foragido. Para evitar a captura, ele viveu por anos em Maceió (AL) utilizando documentos falsos, mantendo uma rotina considerada discreta, inclusive com conclusão do curso superior em Ciências Contábeis.
As investigações apontaram que, ao suspeitar de monitoramento policial em Alagoas, Marcelo deixou o estado e passou a residir na Paraíba. A localização do endereço ocorreu após uma multa de trânsito registrada em nome da esposa, em João Pessoa, informação que permitiu à inteligência policial identificar o paradeiro do casal.
“Durante esses 17 anos, ele nunca havia sido preso. O processo correu à revelia e ele foi condenado a 14 anos de prisão. Foi um meio de justiça, pois foi uma resposta à família que estava inconformada com essa situação. Conseguimos elementos que ajudaram na localização do foragido”, afirmou o delegado.
Crime ocorreu em 2008
O homicídio de Élcio dos Santos Silva aconteceu na madrugada de 21 de outubro de 2008. O corpo da vítima foi encontrado dentro de sua caminhonete, e a perícia apontou que os disparos foram efetuados por alguém que estava no banco do passageiro.
O executor do crime, Wilker dos Santos Bastos, de 42 anos, já foi julgado e condenado por júri popular, cumprindo pena na Penitenciária de Itirapina. Já Marcelo Alves da Silva, segundo a polícia, atuava à época como responsável pela coordenação das bancas do Camelódromo, na região central de Americana.
A motivação do crime teria sido uma disputa por espaço comercial. Conforme a investigação, o aumento nas vendas realizadas por Élcio teria causado insegurança ao acusado, culminando na contratação do executor.
Relato da família da vítima
A mãe de Élcio, Donília Maria dos Santos, relatou à TV TODODIA que, dias antes do crime, o filho havia vencido uma ação trabalhista contra o mandante, no valor de R$ 25 mil. Segundo ela, houve ameaças anteriores.
“Ele falou que meu filho ganhou a ação, mas que ele não desfrutaria do dinheiro. Ele chegou a jogar o carro contra meu filho, mas ele pulou”, afirmou.
Donília também relatou os impactos do crime na família ao longo dos anos. Segundo ela, após a morte do filho, desenvolveu problemas de saúde, como hipertensão. A neta, que tinha cinco anos na época, foi profundamente afetada e, pouco tempo depois, enfrentou um grave problema de saúde que resultou em deficiência permanente.
Ela contou ainda que acompanhar o julgamento do executor foi um dos momentos mais difíceis após o crime. Ao ser informada sobre a prisão do mandante, disse ter comunicado ao delegado responsável que a notícia representava, para a família, “um presente de Natal”.





