quarta-feira, 1 outubro 2025
OPERAÇÃO NACIONAL

Polícia Civil cumpre mandados em Piracicaba e Hortolândia contra grupo que utilizava imagens de celebridades em anúncios falsos

Ação cumpre 26 ordens judiciais, incluindo prisões, buscas e bloqueio de ativos que podem chegar a R$ 210 milhões
Por
João Victor Viana
Os anúncios traziam a voz e a imagem de celebridades brasileiras como Gisele Bündchen, Angélica Huck, Juliette Feitosa, Maísa Andrade e Sabrina Sato. Foto: Reprodução/Redes Sociais

A Polícia Civil realiza, nesta quarta-feira (1º), a operação “Modo Selva”, que tem como foco uma organização criminosa especializada em fraudes virtuais. Ao todo são cumpridas 26 ordens judiciais, sendo as cidades de Piracicaba e Hortolândia alvos da ação policial em nossa região.

Influenciadora
Uma influenciadora digital de Piracicaba, conhecida como “Japa Laís”, foi um dos alvos da operação. Com mais de 110 mil seguidores, ela é apontada pela investigação como uma “multiplicadora” dos golpes, ajudando a dar visibilidade a conteúdos fraudulentos, e também a promover plataformas clonadas de apostas online.

Influenciadora de Piracicaba foi um dos alvos da operação. Foto: Reprodução

Mandados
No estado de São Paulo a operação cumpre três mandados de prisão e dois de busca e apreensão. As investigações, no entanto, tiveram início no Rio Grande do Sul, conduzidas pelo Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc) e pela Delegacia de Polícia de Investigações Cibernéticas Especiais (Dicesp), e ainda envolve os estados de Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.

Ao todo, são realizados o cumprimento de sete mandados de prisão preventiva e nove de busca e apreensão, além do sequestro e da indisponibilidade de dez veículos. Também estão incluídos o bloqueio de 21 ativos, investimentos, aplicações financeiras, contas bancárias e carteiras de criptoativos, com valores que podem alcançar R$ 210 milhões.

Itens de luxo foram apreendidos durante a operação. Foto: Polícia Civil

A ação criminosa
A organização criminosa, especializada em fraudes eletrônicas, utilizava inteligência artificial para anunciar falsamente produtos de beleza e roupas de grandes marcas. Os anúncios traziam a voz e a imagem de celebridades brasileiras como Gisele Bündchen, Angélica Huck, Juliette Feitosa, Maísa Andrade e Sabrina Sato.

Após a produção dos vídeos falsos, os criminosos divulgavam o conteúdo em perfis fraudulentos, especialmente no Facebook e no Instagram, criados com uso de VPN americana para ocultar a localização real.

As pessoas interessadas nas compras eram direcionadas para sites falsos, onde forneciam dados pessoais e realizavam pagamentos via PIX. Os valores eram processados por meio de empresas de fachada e contas de “laranjas”, incluindo idosas de 80 e 84 anos que tiveram suas identidades utilizadas sem o devido conhecimento.

Veículos de luxo foram apreendidos. Foto: Polícia Civil

O início das investigações
A operação teve início quando uma vítima procurou o Dercc após ser alvo de um golpe aparentemente simples. Ela havia sido enganada por uma campanha publicitária que prometia um “kit antirrugas grátis” da marca PRINCIPIA, supostamente divulgado pela modelo Gisele Bündchen.

O que chamou a atenção dos investigadores não foi o valor relativamente baixo do prejuízo, de R$ 44,57, cobrados como “taxa de frete”, mas a sofisticação técnica por trás do golpe, com um vídeo em “deepfake” que realmente fazia parecer que a modelo estava realizando a publicidade.

A Polícia Civil não esperava que essa denúncia revelaria um esquema criminoso de proporções nacionais. “O que começou como uma denúncia de estelionato simples revelou uma organização criminosa extremamente sofisticada, que explorava nomes de grandes marcas nacionais”, explicou a delegada Isadora Galian, responsável pela investigação.

Ao todo são cumpridas 26 ordens judiciais, sendo as cidades de Piracicaba e Hortolândia um dos alvos da ação policial. Foto: Reprodução

Baixo número de denúncias
A investigação revelou que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 20 milhões. No entanto, a maioria das vítimas não registrou denúncia, já que os valores cobrados variavam entre R$ 20 e R$ 100. O grupo também se aproveitava da vulnerabilidade de pessoas idosas e com menor conhecimento digital.

“Isso criava uma situação perversa onde os criminosos tinham uma espécie de ‘imunidade estatística’. Eles sabiam que a maioria das pessoas não iria denunciar, então podiam operar em massa sem medo”, explicou a Delegada.

Os crimes cometidos pelos investigados
As investigações levaram a equipe policial a enquadrar os suspeitos na prática de estelionato com fraude eletrônica, organização criminosa, lavagem de dinheiro e contravenção penal por jogo de azar, já que uma das participantes do grupo possuía um perfil com mais de 110 mil seguidores e atuava como uma ‘multiplicadora’ do alcance dos conteúdos, além de promover jogos de azar ilegais.

Delegada Isadora Galian, responsável pela investigação. Foto: Reprodução

Alerta à população
A Polícia Civil aproveita para alertar a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes:

  • Desconfie de promoções “imperdíveis” protagonizadas por celebridades;
  • Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas;
  • Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar;
  • Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta;
  • Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo.

*Matéria atualizada às 14h57.

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