A Polícia Civil de Campinas participou, nesta semana, da Operação Filling the Gap, deflagrada a partir de investigações conduzidas pela Polícia Civil do Paraná para combater o comércio irregular do anestésico veterinário cetamina. Equipes do Deinter 2 – Campinas cumpriram mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em Campinas, Valinhos e Estiva Gerbi, em apoio às autoridades paranaenses.
Receitas eram emitidas em CampinasAs apurações indicaram que a emissão das receitas para aquisição da substância ocorria na região de Campinas, onde também haveria armazenamento antes da distribuição clandestina para compradores no Paraná e em Santa Catarina.
Atuação nas cidades da região
Em Campinas, policiais da DIG/Deic prenderam um veterinário suspeito de emitir receitas de forma irregular. Segundo a investigação, ele teria emitido quase 800 receitas em aproximadamente quatro anos, permitindo a compra de cerca de 123 mil frascos do anestésico. A quantidade seria suficiente para anestesiar quase 3 milhões de cães de médio porte ou 8 milhões de gatos.
Em Estiva Gerbi, equipes da Delegacia de Polícia local prenderam dois comerciantes em flagrante na posse de cerca de 1.500 frascos da substância. Em Valinhos, grande volume do material também foi apreendido, sem registro de prisões.
Alcance interestadual
A operação contou com a participação de policiais civis paulistas e paranaenses, além de fiscais do Ministério da Agricultura, responsáveis pelas vistorias relacionadas ao controle sanitário. As investigações apontam que a organização criminosa atuava no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
Estimativas apontam que cada ampola, vendida legalmente por cerca de R$ 130, pode alcançar valor quatro vezes maior no mercado clandestino. A movimentação financeira da organização pode ter chegado a R$ 60 milhões.
Operação da Polícia Civil do Paraná
As investigações prosseguem sob responsabilidade da Polícia Civil do Paraná, conduzidas pela delegada Paula Brisola. Segundo ela, o esquema que captava médicos veterinários recém-formados movimentou cerca de 10 milhões em apenas dois meses. “A prescrição era feita no estado de São Paulo, através de médicos, e a captação era feita também em Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro até chegar no Paraná, com nota fiscal como se fosse regularizado”, afirmou a delegada.
Cetamina
A cetamina é regulamentada pela Portaria 344/98 da Anvisa, que lista substâncias controladas e sujeitas à prescrição médica. Além do uso veterinário, ela é empregada como entorpecente e como insumo para produção de drogas sintéticas, o que enquadra o caso como tráfico de drogas, segundo a polícia.
Paula explicou que o uso do medicamento como droga recreativa é feito geralmente por jovens de maior poder aquisitivo. “É uma substância perigosa, muito usada por jovens em raves, que gera um problema para a sociedade e população. Há um aumento de prescrição de drogas psicoativas pelo território do Brasil, especialmente no estado do Paraná”, disse Brisola.
Distribuição
Uma médica veterinária, presa pela investigação, chegou a solicitar a compra de 28 mil unidades de Cetamina entre fevereiro e abril deste ano.
A delegada ressaltou que a Polícia conseguiu mapear o grupo criminoso através de incoerências nos pedidos de distribuição do medicamento. “Nós pegamos toda a cadeia de distribuição, com mandados para os agentes envolvidos com o crime e com ações de inspeção em estabelecimentos comerciais que estavam realizando a venda desses produtos”, ressaltou Paula Christiane Brisola.
Resultado
A investigação continua em busca de mais detalhes sobre a organização criminosa. As substâncias apreendidas serão destinadas à Prefeitura Municipal de Curitiba no dia 11. A cetamina será utilizada para a castração de 21 mil animais.
