A Polícia Federal desencadeou nesta terça-feira (2) a Operação Venenum Transit, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico internacional de drogas.
Usavam “mulas”
O grupo atuava por meio do uso de “mulas” que ingeriam cápsulas de cocaína para levar o entorpecente ao mercado europeu, utilizando entre outras rotas o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.
Origem da investigação
A apuração teve início em novembro de 2024, quando uma jovem foi flagrada transportando 1 kg de cocaína em cápsulas ingeridas. Ela passou mal antes de embarcar para Paris, França, e precisou ser socorrida sob risco de morte. O caso ocorreu durante fiscalização da Operação Portão Oito, também da Polícia Federal.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas, no município de Manaus (AM). “A gente foi atrás dos aliciadores, as investigações se aprofundaram, não só prendendo a mula em novembro, como agora indo atrás dos aliciadores que estavam na cidade de Manaus. Então as três prisões ocorreram na cidade de Manaus, como um desdobramento das investigações dessa prisão anterior”, explicou o Delegado Chefe em exercício da PF em Campinas, André Almeida.
“Essas mulas vinham de Manaus até Campinas e aqui tentavam embarcar com a droga para o exterior. A gente não tem como dizer se a droga já foi engolida em Manaus ou aqui, mas de fato na tentativa de saída, a nossa investigação dentro do aeroporto, o nosso grupo de repressão a drogas identificou e prendeu essa mulher. E aí com esse flagrante chegamos aos aliciadores com sempre a ideia de subir até os reais donos da droga, que aliciam essas pessoas e as fazem engolir a droga e levar para o exterior”, completou.
Presos
Segundo a PF, os presos (um homem e duas mulheres) são apontados como aliciadores e organizadores do esquema, que envolvia viajantes dispostos a ingerir grandes quantidades de droga em condições de alto risco.
“Vendem essa narrativa de lucro fácil para essas pessoas para testar e verificar se vão conseguir sair. Então a pessoa que vem aliciada acredita que vai conseguir, que vai receber o valor e aí ocorre a prisão. Então por isso que a gente precisa cada vez mais, a Polícia Federal foca, sim, na identificação dos aliciadores porque senão a prisão se resume a essas pessoas que foram aliciadas. Então a demonstrar essa operação de hoje com três mandados de prisão ocorrendo por conta desse fato dessa prisão do ano passado em Manaus é mostrar a nossa capilaridade aí no país para ir buscar os aliciadores até do outro lado do país que foram os responsáveis por esse aliciamento”, explicou Almeida.
Ligação com facção criminosa
De acordo com os investigadores, há indícios de que uma facção criminosa brasileira participava do esquema, financiando, fornecendo a droga e organizando a logística. A operação atual busca identificar integrantes de níveis superiores dessa estrutura.
Crimes e penas
Os envolvidos responderão, conforme suas condutas, por tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e falsidade documental, cujas penas podem ultrapassar 35 anos de prisão. O nome Venenum Transit, que em latim significa “veneno passageiro”, faz referência ao método utilizado pelo grupo para transportar a droga.
