
Três pessoas foram condenadas por envolvimento em uma organização criminosa que atuava em Hortolândia e região, especializada em roubos de caminhões de carga, extorsão mediante sequestro e lavagem de dinheiro. O julgamento aconteceu nesta semana, na 2ª Vara Criminal do Fórum de Hortolândia.
Penas
Os homens foram condenados a 37 e 32 anos de prisão (reclusão em regime fechado). Já a mulher foi absolvida das acusações de roubo e extorsão, e condenada a uma pena de 3 anos por lavagem de dinheiro.
Atraiam vítimas com falsos fretes
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), os réus T.L.S., J.V.R.S. e J.A.S. integravam uma quadrilha armada que atraía caminhoneiros por meio de falsas ofertas de frete.
Os criminosos criavam perfis em aplicativos como o Fretebras, simulando serem empresas contratantes. Após o caminhoneiro aceitar o serviço, era orientado a se dirigir a um endereço para retirada da suposta carga.
Rendido e levado para cativeiro
Em um dos casos, ocorrido em 10 de janeiro de 2024, ao chegar ao local (na Rua Amor Perfeito, no Jardim Boa Vista, em Hortolândia), o caminheiro foi surpreendido por integrantes do grupo, rendido com uso de armas de fogo e levado para um cativeiro, onde permaneceu cerca de 5 horas sob vigilância e ameaças.
Vítimas extorquidas
Durante o cárcere, as vítimas eram obrigadas a realizar transferências bancárias via Pix. O caminhoneiro teve seu veículo avaliado em R$ 250 mil roubado, e ainda foi forçado a transferir R$ 750,00 para os criminosos. Parte do valor foi enviada à conta de J., que repassou a quantia a J.V., retendo R$ 50,00.
A investigação revelou que o grupo já havia praticado ao menos três roubos semelhantes na mesma rua, utilizando uniformes falsos de empresas, veículos clonados e estratégias de ocultação de valores para dificultar o rastreamento dos crimes.
A Polícia Civil identificou conexões do grupo com o tráfico de drogas e possível envolvimento com facções criminosas.

MP recorre por maior condenação
Apesar da condenação por roubo, extorsão mediante sequestro e lavagem de dinheiro, o MP-SP recorreu da sentença que absolveu os réus da quarta acusação, de organização criminosa. Segundo o Ministério Público, havia provas suficientes na investigação da “estrutura hierarquizada e divisão de tarefas” entre os membros do grupo, incluindo o uso de familiares para movimentar valores ilícitos.
Além das penas privativas de liberdade, foi requerida indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil à vítima e a manutenção da prisão preventiva dos acusados, diante da gravidade dos crimes e da periculosidade dos envolvidos.
Após o julgamento desta semana no Fórum de Hortolândia, o processo criminal aguarda agora análise da segunda instância do Judiciário, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que irá decidir sobre o recurso apresentado pelo MP-SP para aumentar a condenação dos réus.