
A influenciadora digital conhecida como ‘Japa Laís’, de Piracicaba, foi alvo da Operação Modo Selva, deflagrada nesta quarta-feira (1º) pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul contra uma quadrilha que usava inteligência artificial para criar vídeos falsos de celebridades, e com isso promover apostas ilegais, movimentando milhões de Reais em fraudes pelo país.
Além da influenciadora, a mãe dela também foi presa. As duas estavam na casa onde moravam em um condomínio de alto padrão de Piracicaba, quando foram abordadas.
O papel dela nos golpes
Com uma conta ativa com mais de 120 mil seguidores, a influenciadora é apontada pela investigação como uma “multiplicadora” dos golpes, ajudando a dar visibilidade a conteúdos fraudulentos e promovendo plataformas clonadas de apostas online.
Uma prisão efetuada em Hortolândia
Além da prisão de Laís Rodrigues, outra prisão foi efetuada na região, a de Lucas Tiago Oliveira de Cerqueira, que era o responsável pela articulação financeira de todo o esquema. Ele controlava diferentes contas bancárias e coordenava a movimentação dos valores obtidos com os golpes.
Conhecido pela ostentação extrema, Lucas postava carros blindados, helicópteros particulares, viagens internacionais e ainda dava dicas de como vender pela internet. Em uma publicação, ele aparece diante de um prédio com o número 171, referência ao artigo do Código Penal que tipifica estelionato.
Um quarto integrante da organização foi preso nesta quarta-feira na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul.
Posicionamento da defesa de Laís
A equipe de reportagem da TV TODODIA procurou a defesa de Laís Rodrigues e sua mãe, que se posicionou através de nota:
“A Defesa Técnica de LAÍS vem, com respeito às instituições, manifestar sua surpresa e irresignação diante do cumprimento dos mandados ocorridos na manhã desta data, especialmente porque, até o presente momento, não teve acesso à decisão judicial que determinou sua prisão, o que impede o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa — fundamentos basilares do Estado Democrático de Direito. LAÍS, pessoa primária e de conduta ilibada, jamais se esquivou de colaborar com qualquer investigação e, se intimada, teria se apresentado espontaneamente para prestar os esclarecimentos devidos. Assim, a medida extrema e precoce de privação da liberdade revela-se, em nossa visão, desproporcional e contrária ao espírito da Constituição da República, que consagra a liberdade como regra e a prisão como exceção. Confiamos na Justiça e acreditamos que, tão logo os fatos sejam devidamente apreciados sob o crivo do devido processo legal, a revogação da prisão se imporá como imperativo da razão jurídica e da prudência institucional.”
“Cérebro” da organização está foragido
De acordo com a Polícia Civil, o principal alvo de toda organização é Levi Andrade da Silva Luz, identificado como o líder intelectual do grupo, Levi era responsável pela criação dos deepfakes e pelo desenvolvimento de toda a estrutura técnica dos golpes.
Levi é considerado um foragido da justiça. Segundo Isadora Galian, delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o investigado está no Chile e irá integrar a lista vermelha da Interpol, maior organização policial internacional do mundo.
“O ideal é que ele se entregasse o mais rápido possível para facilitar, mas também se a gente tiver que ir até lá, com a ajuda da Polícia Federal, a gente vai efetuar essas prisões”, afirmou a delegada.
Além de Levi, Leonardo Sales de Santana, responsável pelo controle das transações fraudulentas, também está foragido.
Materiais apreendidos e contas bloqueadas
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul também apreendeu materiais ligados à organização criminosa. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco, São Paulo e Bahia, além do sequestro e indisponibilidade de 10 veículos e do bloqueio de 21 ativos, investimentos, aplicações, contas bancárias e carteiras de criptoativos, com valores que podem chegar a R$ 210 milhões.

Primeira fase da operação
A busca pelos investigados que estão foragidos segue em andamento. A delegada Isadora Galian afirma que esta é a primeira fase da operação, e que outros envolvidos ainda devem ser identificados ao longo das investigações. “Com certeza podem esperar novas fases de operações aqui e em todos os estados da federação”, garantiu.
Galian reforça que, mesmo em casos de valores pequenos, as pessoas que foram alvo dos golpistas devem registrar a denúncia e o boletim de ocorrência, pois o objetivo da Justiça gaúcha é ressarcir todas as vítimas.
Investigação começou no ano passado
A investigação deste caso teve início em 2024, quando uma pessoa denunciou ter sido enganada por uma campanha publicitária que prometia um ‘kit antirrugas grátis’ da marca PRINCIPIA, supostamente divulgado pela modelo Gisele Bündchen. A vítima precisava pagar apenas a ‘taxa de frete’, no valor de R$ 44,57.