sexta-feira, 26 abril 2024

Adeus à rainha do soul

Aretha Franklin, além de rainha do soul, foi um ícone do feminismo e no movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Canções que gravou no fim dos anos 1960, como “Respect”, “Do Right Woman – Do Right Man” e “Chain of Fools”, tornaram-se hinos para mulheres em todo o mundo. Em vez de sofredoras, eram agora fortes e indomáveis.
Os trechos de “Respect” -”Tudo o que eu peço é um pouco de respeito quando você chegar em casa”- não tratava apenas de como uma mulher desejava ser tratada pelo marido. Era também uma demanda por igualdade e liberdade.
A saber: o hit foi originalmente lançado pelo cantor Otis Redding em 1965. Aretha gravou uma nova versão da música.
“Nos témos o poder. Nós somos muito engenhosas. Mulheres merecem respeito. Acho que mulheres, crianças e idosos são os três grupos menos respeitados em nossa sociedade”, disse à revista Elle em 2016.
A rainha do soul foi a primeira mulher a entrar para o hall da fama do Rock and Roll, dois anos depois de ter sido criado. Até 2017, quando foi destronada por Nicki Minaj, foi recordista de músicas no Billboard Hot 100, lista que mostra os maiores sucessos dos Estados Unidos com base em vendas e número de reproduções.
O pai da cantora, C.L Franklin era membro da Igreja Batista e ativista pelos direitos civis. Em 1963, organizou a Caminhada pela Liberdade de Detroit, o maior movimento de direitos civis na história dos Estados Unidos até então. Dois meses depois, a Marcha sobre Washington assumiu o pódio.
C.L Franklin era amigo de Martin Luther King Jr, que lhe entregou uma versão preliminar de “I Have a Dream” durante o ato em Detroit. O célebre discurso foi proferido durante a marcha na capital do país.
Em 1968, pouco antes de ser assassinado, King entregou a Aretha um prêmio da organização que presidia, a Southern Christian Leadership Conference (Conferência da Liderança Cristã do Sul), que lutava pelos direitos civis dos negros.
Democrata, Aretha se apresentou na posse de Barack Obama, em 2009, e em eventos antes das posses de Jimmy Carter, em 1977, e Bill Clinton, em 1993. Também cantou na Convenção Nacional Democrata.

Artistas relembram diva

Rainha do soul, Aretha Franklin morreu ontem, aos 76 anos. Ela, que foi diagnosticada com câncer em 2010, recebeu visita de amigos próximos como Stevie Wonder e Jesse Jackson nesta semana.
Após a morte da cantora, Paul McCartney escreveu que Aretha “fará falta, mas sua grandeza como música e ser humano viverão para sempre”.
No Twitter, Hillary Clinton também lamentou a morte da cantora. “Ela merece não apenas nosso respeito, mas nossa gratidão por ter aberto nossos olhos, ouvidos e corações. Descanse em eterna paz, minha amiga”.
A roteirista de séries Shonda Rhimes disse que foi “um presente ter trabalhado com Aretha”.
O ator John Legend “saudou a rainha” e disse quer Aretha foi “a melhor vocalista que eu já conheci”.
Barbra Streisand recordou um momento com Aretha, em 2012, quando as duas prestaram uma homenagem ao compositor Marvin Hamlisch. “É difícil conceber um mundo sem ela. Ela não era apenas uma cantora excepcionalmente brilhante, mas seu compromisso com os direitos civis causou um impacto indelével no mundo”, disse.

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