sábado, 23 novembro 2024

Garfield, agora quarentão

FOLHAPRESS

SÃO PAULO

 
Ao criar o agora quarentão Garfield, o gato mais mal-humorado e preguiçoso dos quadrinhos, Jim Davis, 72, só pensava na liberdade que teria com o personagem. Para ele, criar um gato, em vez de um humano, evitaria dores de cabeça e ampliaria o universo de piadas que poderiam ser feitas com o felino. “Garfield só come e dorme, então ele não é muito polêmico. Não preciso me preocupar muito.”
O personagem, cujo nome é uma homenagem ao avô do quadrinista, James A. Garfield Davis (que por sua vez recebeu o nome do presidente americano James A. Garfield), foi criado para que todos o identificassem como o gato da casa ao lado. “Se eu fizesse um humano, teria que ser mais específico, e pessoas de outros países ou culturas poderiam não se identificar tanto”, diz o cartunista.
Ainda assim, Davis não conseguiu afastar totalmente a polêmica de sua carreira. Em 2017, ele precisou vir a público esclarecer o gênero de Garfield. Isso porque, em uma entrevista dois anos antes, ele havia dito que o personagem era universal. “Não é realmente macho ou fêmea ou de alguma raça ou nacionalidade particular, jovem ou velho. Mas ele é macho, ele tem uma namorada [Arlene]. Ouçam a animação, a voz é masculina”, brinca.

QUASE UM HOMEM
Ele atribui o sucesso de Garfield ao fato de gatos serem mais parecidos com humanos. “São reservados, não são tão ativos como cachorros, que são amáveis. Gatos querem as mesmas três coisas que nós queremos: comida, abrigo e amor. Quando você ri de uma piada de Garfield, na verdade está reconhecendo: não é que é verdade?”, completa.
A primeira tirinha, publicada em 19 de junho de 1978, trouxe um Garfield com traços bem diferentes. “Ele parecia mais um coelho. Ele era muito mal-humorado. Com o tempo, os traços mudaram bastante para permitir que fizéssemos mais coisas com ele. Ele não se movia muito”, afirma o quadrinista.
Na Folha de S.Paulo, a primeira aparição do felino foi em 18 de janeiro de 1983, quando o jornal começou a publicar suas tirinhas. Elas figuraram nas páginas de Ilustrada até 2016.
A personalidade do gato também mudou. Ele ficou mais amável com Odie, e ficou mais parecido com um ursinho. “Ele continuou preguiçoso, guloso e odiando segundas-feiras”, brinca.
Apesar dos 40 anos da tirinha, Davis diz que não se cansa. “Fica cada vez mais divertido e mais fácil de fazer. Ainda estou tentando escrever aquela piada que faça o mundo inteiro rir.”
Atualmente, Davis trabalha com os roteiristas no próximo filme de Garfield, que deve ser lançado em quatro anos, totalmente computadorizado. A próxima temporada do desenho será novamente em 2D, mas com software 3D

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