quinta-feira, 18 abril 2024

Água: conservação, uso e cidadania

Quanto mais educação for dada às pessoas, mais elas entenderão a necessidade do âmbito individual da importância da água 

ADILSON R. GONÇALVES
PESQUISADOR DA UNESP

Dentre as questões envolvendo o aquecimento global, há os aspectos das mudanças climáticas extremas que estão sendo medidos efetivamente pelo degelo de lugares nos quais a água deveria estar acondicionada, não para ser usada. Há uma dinâmica de temperaturas globais, antes controladas. Com o descontrole, a água passa a ser degelada, que não contribuirá para diminuir a escassez hídrica, será apenas um reflexo das mudanças que provocamos.

Águas de reservatórios subterrâneos acabam sendo um outro recurso bastante interessante a ser usado, mas que também passam a ser ameaçados por conta de exploração não controlada ou, que é o ponto de avaliação aqui, possam ser contaminados pela falta de conhecimento do cidadão, do usuário. Quanto mais educação for dada às pessoas, mais elas entenderão a necessidade do âmbito individual da importância da água. Atitudes que não se limitam ao controle de abrir e fechar a torneira. Isso passaria a ser o mínimo a se fazer. 

Mas a educação traria conhecimento acerca de toda a dinâmica que envolve a questão, o gerenciamento dos recursos hídricos, os distanciamentos que devem ser feitos, por exemplo, levando esgotos cada vez mais longe para tentar evitar que eles poluam um local específico, e que tal medida pode apenas mudar a poluição de lugar. A informação à população traria também esclarecimentos quando ao uso industrial da água, presente em todos os processos modernos.

Também é importante levar em consideração o conhecimento individual já existente. Há sistemas que funcionam em pequena escala: uma pessoa possui um sítio, consegue operar uma fossa séptica, com o recurso de filtrações com areia, obtendo uma água de qualidade e usá-la de forma racional, devolvendo-a não tão suja para o ambiente. Isso funciona para uma comunidade isolada, um grupo pequeno. Com o problema adicional do adensamento urbano, cada vez mais gente morando mais junto, mais perto, os problemas são potencializados. Um caso típico é a mistura da água pluvial com o esgoto, transbordando os bueiros em dias de chuva forte. Uma mistura que acontece por falta de conhecimento do destino distindo de tais fluxos.

Mesmo existindo vários projetos que envolvem indústrias e a municipalidade para a recuperação de águas que já estejam poluídas, insisto no aspecto de que, em alguns locais, falta o conhecimento do cidadão, da pessoa, desde os primórdios do processo de captação da água e todo o caminho que ela faz até chegar ao consumo. O cidadão, possuindo o conhecimento, entenderá o porquê da água possuir certos comportamentos, digamos, indesejáveis, como a ocupação de lugares mais baixos causando as enchentes. Assim, atitudes individuais poderão ser tomadas, que não serão somente relacionadas à economia e ao custo de pagar pela água, mas, sim, pelo entendimento dessa dinâmica, podendo realmente concluir o que está acontecendo com a água.

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