quinta-feira, 25 abril 2024

Ângelo Perugini, o construtor da esperança

Ângelo Perugini estava feliz. Naquela manhã de 30 de maio de 2019, finalmente iria inaugurar a obra mais emblemática de suas gestões à frente da prefeitura de Hortolândia. Batizada por ele mesmo de “ponte da esperança”, a obra, com 700 metros de extensão e que demorou sete anos para ser concluída, iria interligar as regiões Leste (Jardim Novo Ângulo) e Oeste (Jardim Amanda), num passo decisivo para a integração da cidade que é uma síntese das muitas contradições da Região Metropolitana de Campinas.

 
Ao longo de sua trajetória política, Ângelo Perugini foi por definição um construtor de sonhos. Ao invés de erguer muros, buscou abrir novos caminhos para. Lançou pontes em direção aos mais diversos ideais. Algumas vezes, ao perceber que o caminho estava se aproximando de um beco sem saída, mudava de rumo. Foi assim, por exemplo, quando decidiu trocar o PT pelo PDT e, depois, esta legenda pelo PSD.

 
Eleito para o primeiro cargo público em Sumaré, como vereador, em 1988, foi na recém-emancipada Hortolândia que Perugini construiu seu espaço político. Em sua cidade foi vice-prefeito entre 1997 e 2000, secretário de Governo, prefeito entre 2005 e 2012 e, a partir de janeiro de 2017, novamente prefeito do município, cargo que ocupava até a data de hoje. Com expressiva votação obtida em Hortolândia, foi o primeiro deputado estadual na cidade, de 15 de março de 2015 até 31 de dezembro de 2016, quando renunciou ao mandato para reassumir o comando do Executivo local pela terceira vez. Em 15 no novembro de 2020, foi reeleito para o quarto mandato. Com sua morte, assume o vice José Nazareno Gomes, o Zezé Gomes.

Zezé Gomes assume o cargo de prefeito de Hortolândia (Foto: Arquivo / TodoDia Imagem)

Seu legado será sempre reconhecido pelo povo de Hortolândia, onde por quatro vezes foi escolhido para comandar os destinos desse município que tem cerca de 230 mil habitantes. “Quando alimentamos nossa coragem mais que nosso medo, chegamos a fugir das derrubadas de muros para construir pontes”, discursou quando entregou a sua “Ponte da Amizade”.

 
 
 

DO SEMINÁRIO PARA A POLÍTICA

 
Ângelo Augusto Perugini, mineiro de Jacutinga, nasceu em 6 de abril de 1955. Foi casado com a ex-deputada federal Ana Perugini, com quem teve três filhas. Era irmão mais velho de Agnaldo Perugini, ex-prefeito de Pouso Alegre (MG). Aos 10 anos de idade, resolveu deixar a casa dos pais para seguir a vocação religiosa e ingressou no seminário.

 
Chegou em Hortolândia no início da década de 1980, quando o município ainda era distrito de Sumaré. Nessa época já havia deixado o sacerdócio. Foi como professor da rede estadual de ensino que o agora ex-seminarista Ângelo construiu um histórico de lutas em defesa das classes populares. Chegou a ser coordenador da Secretaria Estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em 1985, após liderar uma das primeiras marchas do MST no estado de São Paulo.

 
Em 1988, foi eleito vereador por Sumaré e usou de sua liderança popular para alavancar o processo de emancipação do então distrito de Hortolândia, enfim tornado realidade em 19 de maio de 1991. Já no ano seguinte, 1992, disputou – e perdeu – a primeira eleição para prefeito na recém-emancipada cidade de Hortolândia. Mas, quatro anos depois, em 1996, foi eleito vice-prefeito do município.

 
Sua eleição para prefeito, em 2004, com 65% dos votos válidos, representou uma mudança de rumos para a cidade, que vivenciou um ciclo de desenvolvimento econômico aliado a conquistas sociais. Bem relacionado no governo Lula, conseguiu atrair recursos federais para investimento em obras e projetos de mobilidade urbana. Foi reeleito prefeito em 2008, desta vez com 79% dos votos válidos. Neste período de oito anos de mandato, de 2005 a 2012, Hortolândia alcançou índices elevados na melhoria nas condições de vida dos moradores de Hortolândia, com o município sendo eleito entre os mais dinâmicos do país.

 
Durante os oito anos de seus dois primeiros mandatos, foi eleito presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas; órgão integrado pelos prefeitos de cada cidade da região; e do Consórcio PCJ (Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), entidade que é modelo no país como cogestora em recursos hídricos. Perugini foi ainda incentivador e fundador do primeiro consórcio de resíduos sólidos entre municípios no Estado de São Paulo. Permaneceu no Partido dos Trabalhadores de 1981 a 2016, quando se desfiliou da legenda e migrou para o PDT de Leonel Brizola. Após uma curta permanência nos quadros pedetistas, filiou-se ao PSD no ano passado.

 
 
 

TRAJETÓRIA POLÍTICA

 
1985 – coordenador da Secretaria Estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST);

 
1986 – candidato a deputado estadual (não eleito);

 
1989 a 1992 – vereador em Sumaré;

 
1992 – candidato a prefeito de Hortolândia (não eleito);

 
1996 a 2000 – vice-prefeito de Hortolândia;

 
2000 – candidato a prefeito de Hortolândia (não eleito):

 
2005 a 2012 – prefeito de Hortolândia, eleito pelo PT;

 
2015 a 2016 – deputado estadual;

 
2017 a 2021 – prefeito de Hortolândia.

 
 
 
 

A MAIOR PONTE DO ESTADO

 
Obra que marca as gestões de Perugini, a Ponte da Esperança foi idealizada para integrar as regiões Leste (Jardim Novo Ângulo) e Oeste (Jardim Amanda) da cidade de Hortolândia. A estrutura possui 700 metros de extensão, é a primeira ponte modelo estaiada da RMC (Região Metropolitana e Campinas) e a maior do interior paulista, com 180 metros de vão sob a base, composta por 16 pares de cabos de aço, os estaios, ligados a um mastro de 75 metros de altura.

 
Iniciada em 2012, ainda no mandato anterior de Ângelo Perugini, a construção sofreu diversas interrupções. As obras viárias que colocariam a ponte em operação ficaram paradas de 2015 a 2017. Quando Perugini reassumiu o governo, foi retomada articulação junto ao governo do Estado para permitir a conclusão da ponte, que integra o Corredor Metropolitano Noroeste “Vereador Biléo Soares”.

Ponte da Esperança (Foto: Arquivo/ TodoDia Imagem)

A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) atendeu ao pedido do prefeito e agilizou a obra: fez a cabeceira da ponte sentido Novo Ângulo, abriu uma avenida projetada da ponte até a avenida Antônio da Costa Santos, no Jd. Nova América, asfaltou e sinalizou a base da Ponte da Esperança e construiu estações de embarque neste trajeto. O Estado também fez a ligação da avenida Olívio Franceschini até a ponte, cruzando a avenida da Emancipação. Já a Prefeitura construiu a cabeceira da estrutura pelo Jd. Santa Rita de Cássia.

 
A Ponte da Esperança facilitou o transporte de passageiros entre os bairros de Hortolândia, além de promover a integração regional da cidade.

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