terça-feira, 23 abril 2024

Empreendedores de baixa renda movimentam R$ 61 bilhões por ano em São Paulo

Dados fazem parte do Mapeamento dos Negócios das Comunidades Periféricas do Estado de São Paulo feito pelo Data Favela e Sebrae-SP 

Foto: Erivelton Viana

Empreendedores de baixa renda, presentes sobretudo em comunidades e periferias, movimentam R$ 61 bilhões por ano no Estado de São Paulo, segundo o Mapeamento dos Negócios das Comunidades Periféricas do Estado de São Paulo feito pelo Data Favela e Sebrae-SP. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira, dia 8, durante o Fórum Empreendedorismo e Geração de Renda, em São Paulo.

O estudo considera como empreendedores de baixa renda aqueles pertencentes às classes CDE, perfil que tem uma renda média mensal de R$ 1.497 no Estado de São Paulo, conforme levantamento do Data Favela usando dados da PNAD/IBGE. O Data Favela é uma parceria da Central Única das Favelas (Cufa) e o Instituto Locomotiva, que foi o responsável técnico pelo estudo.

O estudo contou ainda com uma pesquisa de campo com empreendedores que vivem em comunidades e periferias de São Paulo, identificando uma idade média de 39 anos dos empreendedores nesse perfil, a maioria negros (68%), chefes de família (71%) e com baixa escolaridade (53% têm até o Ensino Fundamental completo). Dois em cada três empreendedores têm filhos e a proporção é maior entre as mulheres (73%).

O diretor-superintendente do Sebrae-SP, Marco Vinholi, destaca a importância de um apoio especial para o desenvolvimento desses negócios nas comunidades. A pesquisa mostra que apenas um quinto dos participantes realizou cursos em sua área de atuação, mas apenas 11% realizaram cursos sobre gestão de negócios ou empreendedorismo.

“Com o Programa Sebrae na Comunidade queremos levar conhecimento e capacitação para ampliar as perspectivas de quem empreende. Cada empreendimento forte na comunidade representa mais renda, mais dinheiro circulando localmente, mais empregos, além da realização de planos e sonhos entre tantas outras possibilidades”, reforça.

Quando o tema é formalização, 71% atuam sem CNPJ. Já entre os que são formalizados, 79% são Microempreendedores Individuais (MEIs). E a maioria está animada: 82% estão otimistas em relação ao negócio atualmente e 77% gostariam de ampliar ou abrir um novo negócio nos próximos 12 meses.

“Os números nada mais são que a representação gráfica da história de vida dos brasileiros, de pessoas que estão superando a questão da desigualdade. São informações fundamentais na hora de desenvolver estratégias de educação, empoderamento e formação empreendedora para todos esses brasileiros empreendedores”, afirma Renato Meirelles, fundador do Data Favela.

O diretor de Administração e Finanças do Sebrae-SP, Guilherme Campos, esteve presente no Fórum e reforçou o apoio do Sebrae para levar informação aos empreendedores e empreendedoras das comunidades mais carentes. “São empreendedores que se arriscam muito, trabalham muito e o Sebrae está a postos para contribuir com a realização de sonhos. O empreendedorismo abre portas e traz novas perspectivas”, afirmou.

Desafios

O Mapeamento apontou os principais desafios enfrentados pelos empreendedores. Na condução dos negócios, foram citadas: burocracia para gerir um negócio (36%), enfrentar a concorrência (33%) e entender a necessidade dos clientes e atraí-los (22%).

Já na gestão financeira, foram citados: registrar/administrar custos e ganhos (36%), separar o dinheiro para as despesas do negócio das despesas pessoais (32%) e investir os ganhos no próprio negócio/trabalho (28%).

Metodologia

A pesquisa entrevistou 2.134 pessoas de 25 de outubro a 5 de novembro de São Paulo (Heliópolis, Cidade Tiradentes, Brasilândia e Paraisópolis), Carapicuíba, Vale do Ribeira (Registro e Juquiá), Ribeirão Branco, Presidente Prudente, Piracicaba e São Vicente. 

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