
Todo dia 23 de abril, o Rio de Janeiro se tinge de vermelho e branco nas homenagens ao Santo Guerreiro. Católicos, umbandistas e candomblecistas participam da Festa de São Jorge. Além dos cultos religiosos, fazem parte da tradição as rodas de samba e a feijoada.
A edição inédita do Caminhos da Reportagem, exibido pela TV TODODIA, afiliada da TV Brasil, traça um panorama sobre diversos aspectos das manifestações culturais e de fé presentes na celebração no programa desta segunda (28), às 23h, com o título “Salve Jorge, um Santo Popular”.
A forma de festejar, que mobiliza a população ao mesclar cultura e religião, “revela muitos elementos de uma sociabilidade carioca”, avalia a professora de Antropologia da Universidade Federal Fluminense, Ana Paula Miranda.
A maior aglomeração de devotos ocorre na Igreja Matriz de São Jorge em Quintino Bocaiuva, bairro da Zona Norte da capital fluminense, onde a equipe do Caminhos da Reportagem acompanhou a festa. De acordo com as estimativas da paróquia, mais de um milhão e duzentas mil pessoas passaram por lá.
História, religiosidade e devoção
Segundo a Igreja Católica, São Jorge nasceu na Capadócia, atual território da Turquia, e se tornou um soldado romano. Quando o imperador Diocleciano começou a perseguir os cristãos, ele teria se recusado a abandonar a sua fé e foi decapitado no dia 23 de abril. O culto chegou ao Brasil com os portugueses e foi impactado pela religiosidade de povos africanos, o que contribuiu para a popularidade de São Jorge, como explica o historiador Luiz Antônio Simas.
No período em que as religiões africanas eram proibidas, no Rio de Janeiro, São Jorge foi assimilado ao orixá Ogum, guerreiro ligado às artes do ferro e às tecnologias. Mãe Marcelle, da Tenda Umbandista União dos Filhos de Santa Bárbara, entende que é possível pensar o sincretismo a partir da privação do culto à ancestralidade, mas também pela ótica da resistência dos africanos em diáspora para garantir a prática da sua fé.
O babalorixá Adailton de Ogum do Ilê Axé Omiojúàró conta que admira a festa popular no dia de São Jorge.
“É o povo que faz o seu louvor, a sua confraternização. Eles sabem que é São Jorge, mas eles estão ali também por Ogum, no Rio de Janeiro, e por Oxóssi, na Bahia. Eu acho muito lindo como a gente nesse momento consegue conviver de forma harmônica. É um dos poucos momentos”, opina.
São Jorge é padroeiro de várias escolas de samba, entre elas, a Império Serrano, que tem sede em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O cantor e compositor Jorginho do Império, filho de um dos fundadores da agremiação, Mano Décio da Viola, conta que não sai de casa sem pedir a bênção do santo protetor. “São Jorge é o nosso feijão com arroz”, afirma.
Devoto fervoroso, o ator Nando Cunha organiza uma feijoada beneficente no dia de São Jorge há quase duas décadas. “Ele é um cara que está sentado no trem junto com você. Vai beber cerveja junto com você e estar na missa junto com você. Ele está do seu ladinho. São Jorge é diferente pra caramba. Por isso a gente faz festa para louvar ele, para louvar a vida”, ressalta o artista.
Serviço
Caminhos da Reportagem
Segunda-feira (28), a partir das 23h, nos canais 14.1 (TV Digital) e 8 (Claro TV) e via streaming.
(Com informações de Agência Brasil)