Para o zagueiro Jorge Bermúdez, foi a maior atuação da carreira do camisa 10. O volante Maurício Serna diz ter sido uma obra-prima. Passados 17 anos do último confronto de mata-mata entre Boca Juniors e Palmeiras, o fantasma de Juan Román Riquelme ainda pesa sobre as duas equipes.
Elas se enfrentam hoje, às 21h45, pela partida de ida das semifinais da Libertadores. Não que o próprio Riquelme dê muita atenção a isso.
“Em 2001 foi especial porque nos classificamos. Se não tivéssemos classificado as pessoas não lembrariam tanto”, dá de ombros o jogador, em rápida conversa com a reportagem.
Ele usa a máxima de Carlos Bilardo, técnico campeão mundial com a Argentina em 1986, de que é o resultado o que importa, no final de tudo.
No jogo de volta da semifinal de 2001, em São Paulo, Riquelme fez de gato e sapato os palmeirenses que tentaram marcá-lo. Durante o segundo tempo, passou a bola pelo meio das pernas do zagueiro Argel duas vezes seguidas.
Riquelme fez um gol, e o Boca se classificou nos pênaltis em mais um passo para conquistar o bicampeonato da Libertadores. No campeonato anterior, havia derrotado o mesmo Palmeiras na decisão. Também nos pênaltis.
“Foram grandes jogos contra o Palmeiras naqueles anos. Era um adversário fortíssimo, que o Boca teve força para derrotar duas vezes”, completa o ex-meia. Foram quatro empates em quatro jogos.
A sombra de Riquelme ainda paira sobre La Bombonera. Desde que deixou o clube, em 2014, a equipe não conseguiu achar um camisa 10 para substituí-lo à altura. Talvez porque não exista nenhum.
O último título continental do clube de Buenos Aires foi em 2007, quando o meia carregou a equipe nos ombros e derrotou o Grêmio na final.
“Román foi um dos melhores que vi. A atuação nas semifinais de 2001 da Libertadores foi uma obra-prima. Não há outro como ele. É um dos meus ídolos”, avalia Serna, que fez parte daquela equipe.
Para o Palmeiras, o confronto com os argentinos deste ano é o mais importante desde o início da parceria com a Crefisa. Segundo a presidente da empresa, Leila Pereira, são investidos R$ 100 milhões por ano. Ganhar o Mundial é o maior objetivo, algo que a credenciaria ainda mais a ser presidente do clube.
Para chegar aos Emirados Árabes, porém, antes é preciso conquistar a Libertadores. Campeão do torneio em 1999, o Palmeiras viu o sonho do bicampeonato naufragar em 2000 e 2001, ambas as vezes derrotado pelo Boca Juniors de Riquelme.
O futebol de Román fez com que o Palmeiras namorasse a sua contratação por alguns anos. Após o rebaixamento no Brasileiro, em 2012, o presidente Arnaldo Tirone foi a Buenos Aires negociar com o jogador e seu empresário.
Voltou ao Brasil dizendo que o reforço era certo, mas o novo presidente, Paulo Nobre, vetou a negociação.
“Houve algumas possibilidades de jogar no Brasil, mas acho que, de certa forma, eu paguei por sempre querer jogar no Boca. Era para onde queria voltar e de onde nunca quis sair”, diz Riquelme.
Após algumas semanas, ele assinou novo contrato com o time argentino. A reticência de Paulo Nobre em confirmar a contratação era por causa das finanças do clube naquele momento e pela certeza de que o camisa 10 já não era mais o mesmo jogador de antes. Nos dois casos, estava correto.
FELIPÃO DEVE INVERTER DUPLA TITULAR NA ZAGA
O Palmeiras fez sua última atividade antes do jogo contra o Boca Juniors no estádio Nuevo Gasometro, do San Lorenzo, em Buenos Aires. Com o treino fechado à imprensa, fica a dúvida na zaga que deve ser escalada por Luiz Felipe Scolari. Na última partida pelo Brasileiro, contra o Ceará, Edu Dracena e Antônio Carlos foram a campo. A expectativa é de que Luan e Gustavo Gómez, considerados titulares no Nacional, formem a dupla.
Já o goleiro Weverton afirma estar pronto para uma eventual disputa de pênaltis.
“É uma possibilidade real. Tenho treinado e estudado muito os batedores adversários. O torcedor pode confiar, que, se for preciso, vou estar preparado”.