Giovane Gaspar da Silva, 24, um dos dois seguranças do Carrefour presos pela morte de João Alberto Freitas, 40, afirmou à polícia que não houve discussão antes da agressão. Ele disse também que não teve a intenção de matar.
Logo após a prisão em flagrante, ele havia optado por permanecer em silêncio, mas, nesta sexta-feira (27), falou em depoimento à Polícia Civil durante cerca de quatro horas.
Segundo a delegada Vanessa Pitrez, do Departamento de Homicídios, o inquérito foi prorrogado por mais 15 dias para esclarecer não só as circunstâncias da morte como também a motivação e a responsabilidades de cada uma das pessoas envolvidas.
“A intenção dele [segundo o depoimento] era tão somente de imobilizar a vítima em razão de que, depois de ela tê-lo atingido com um soco, teria ficado extremamente agressiva”, disse Roberta Bertoldo, delegada responsável pelo caso, sobre o depoimento.
Silva, que é policial militar temporário e estava no seu primeiro dia de “bico” como segurança, afirmou que ouviu pelo rádio que o caixa 25 solicitava ajuda. “Chegando lá, avistou a vítima olhando, nas palavras dele, um tanto brava, para a fiscal. Ele teria batido no ombro da vítima e perguntado se estava tranquilo, se estava tudo bem,. Ao que a vítima respondeu que estava tranquilo, virou as costas”, disse a delegada.
O segurança disse que não sabia o que tinha ocorrido e resolveu ir atrás. Nesse momento, ele teria sido atingido pelo soco de João Alberto. Segundo a delegada, ele assumiu que “de fato, deu socos e chutes, no sentido de conter a situação”.
A defesa de Silva já havia negado a intenção de matar a vítima ou uma motivação racista para as agressões e levantou também a hipótese de que João Alberto possa ter morrido em decorrência de um ataque cardíaco.
À reportagem a delegada afirmou que “nada justifica” a violência. “Muito se fala sobre a vida pregressa da vítima, sobre ter causado algum embaraço anterior no supermercado. Apuramos tudo para entregar o inquérito mais completo possível à Justiça, mas nada muda o teor da violência. A reação foi desproporcional”, diz.
Além dos dois seguranças que agridem Beto Freitas, é possível ver no vídeo a fiscal do supermercado Adriana Alves Dutra filmando e observando o espancamento sem interferir na ação. Ela foi presa na última terça-feira.