Em uma semana mais do que dobrou a quantidade de pessoas que morreram à espera de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para atendimento dos casos graves de Covid-19 no estado de São Paulo. No dia 11 deste mês, foram constatadas ao menos 44 casos em 15 cidades paulistas, número que passou para ao menos 104 em 18 municípios nesta sexta-feira (alta de 136%).
Assim como no dia 11 deste mês, a reportagem voltou a procurar 60 administrações municipais (9,3% do total de 645 cidades paulistas), incluindo as 40 com mais de 200 mil habitantes.
Essas cidades maiores geralmente comportam os hospitais de alta complexidade, que oferecem serviços tais como o de UTI e tratamentos mais complexos, como hemodiálise, necessários para tratar doenças nos rins, um dos principais problemas de quem enfrenta casos graves de Covid-19.
Dos 60 municípios procurados no dia 11, 34 responderam. Destes, 15 (44%) informaram ter solicitado uma vaga de UTI Covid e não tiveram o pedido atendido.
Nesta sexta-feira (18), 36 municípios responderam e, em metade (18), as pessoas internadas morreram antes que uma resposta pudesse ser dada.
Sozinhas, quatro das 18 cidades pesquisadas reúnem 58 registros de mortes por falta de leito de UTI Covid: Franco da Rocha e Taboão da Serra, ambas com 15 casos cada; Bauru, também com 15 registros; e Dracena, com 13 mortes.
A cidade de São Paulo, que entrou para esse triste ranking após a morte do jovem Renan Ribeiro Cardoso, de 22 anos, o primeiro a morrer por falta de leito de UTI Covid em São Paulo, anunciou uma série de medidas tais como a abertura de novos leitos.
Até ontem, ao menos 300 pessoas aguardavam na fila por um leito de UTI no estado de São Paulo.
Em notas anteriores, a Secretaria de Estado da Saúde, gestão João Doria (PSDB), reconhece que a “sobrecarga na rede de saúde já é uma realidade em diversos locais e os serviços do SUS [Sistema Único de Saúde] esforçam-se para garantir assistência adequada e oportuna a todos”.
Dados do governo estadual indicam que, nesta sexta-feira, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid no estado chegou a 91,5%, e os de enfermaria, 79,9%. Na região metropolitana de São Paulo, o índice é de 91,6% e 86,6%, respectivamente.