quinta-feira, 31 outubro 2024

Polícia investiga quadrilha especializada em furtar Fuscas de colecionadores em SP

A polícia investiga uma quadrilha especializada em furto de Fuscas de colecionadores na cidade de São Paulo. Os veículos chegam a ser avaliados em até R$ 50 mil.

Um mecânico de 31 anos foi preso suspeito de receptar e adulterar os carros da Volkswagen, por volta das 16h desta quarta-feira (19), após a polícia encontrar três veículos na garagem de sua casa, no Jardim São Luís (zona sul da capital paulista).

Ele, entretanto, acabou solto na tarde desta quinta-feira (20), após audiência de custódia. O mecânico nega o crime, segundo o advogado Pedro Andrey Rodrigues de Jesus. De acordo com o defensor, seu cliente não sabia que os veículos eram furtados, apesar de terem sido encontrados em sua garagem.

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram um Volkswagen Fusca, modelo 1985, entrando em um estacionamento particular, na região de Pinheiros, às 10h56 do último dia 30.

Enquanto o veículo é estacionado, um homem aparece desembarcando de um Fiat Punto vermelho, perto do portão de acesso do local. Quando o motorista do Fusca sai do estacionamento, o suspeito vai até o veículo e, em segundos, abre a porta do carro e sai com o veículo.

O delegado Fernando César Souza, titular do 14º DP (Pinheiros), afirmou à reportagem, nesta quinta-feira, que as imagens ajudaram a polícia a identificar o dono do Punto, além do endereço dele, na zona sul.

Ao chegar na casa do suspeito, na tarde desta quarta-feira, policiais encontraram o Fusca levado do estacionamento da zona oeste, além de outros dois veículos, modelos 1969 e 1980, também, segundo a polícia, de colecionadores.

Além do mecânico, a polícia investiga o envolvimento de outras pessoas no esquema e já identificou outros três furtos de Fuscas de colecionadores em que a quadrilha estaria envolvida.

De acordo com relatório policial, “havia sinais claros” de adulteração recente nos carros, além de peças espalhadas pelo chão, “permitindo concluir que aquele local era utilizado para ocultar veículos produto de crime, bem como adulterar suas características para ocultar a origem ilícita”, diz trecho do documento.

“Veículos de colecionadores como esses chegam a custar R$ 15 mil, R$ 30 mil, até R$ 50 mil dependendo do estado de conservação e da originalidade do carro”, explicou o delegado.

Em entrevista ao jornal Agora, em outubro de 2018, o presidente do Clube do Fusca do Brasil, o engenheiro aposentado Ervin Moretti, afirmou que alguns modelos de Fusca da década de 1950, em perfeitas condições, com o motor restaurado, chegam a ser comercializados por R$ 120 mil.

O critério para os suspeitos levarem os carros de colecionadores, acrescentou o delegado “era aleatório”. Quando identificavam um Fusca de colecionador trafegando pela cidade, seguiam o veículo até ele ser estacionado. “Após isso, o suspeito usava uma chave mixa [que abre qualquer tipo de fechadura] e em segundos entrava no carro e o levava”, afirmou.

O policial disse ainda que os carros, após os furtos, eram modificados para não serem identificados, incluindo os números dos chassis. Após isso, os veículos eram comercializados com valores abaixo do mercado.

Os outros dois Fuscas encontrados na garagem do mecânico foram furtados em 19 de janeiro e 9 de maio, respectivamente, nas regiões da Lapa (zona oeste) e da Consolação (centro), ainda segundo o delegado.

“Também investigamos quem recebe os veículos depois de furtados”, acrescentou o titular do 14º DP. Ele alerta ainda para que as pessoas verifiquem as origens dos carros comprados, principalmente se os valores estiverem abaixo dos valores de tabela.

O suspeito foi indiciado em flagrante por receptação/adulteração de sinal de veículo automotor. O caso, apesar de ter sido registrado no 14º DP, será investigado pelo 100º DP (Jardim Herculano).

Os três Fuscas apreendidos na casa do mecânico serão periciados e devolvidos aos donos.

O advogado de defesa afirmou que seu cliente teria recebido os veículos para consertá-los, sem informar de quem.

De acordo com o defensor, ao receber os carros, o mecânico Eduardo de Souza usou um aplicativo da Secretaria Nacional da Segurança Pública, com o qual verificou a sequência alfanumérica das placas dos Fuscas, para conferir se eles eventualmente eram roubados ou furtados. Nada foi indicado, acrescentou o advogado.

“Infelizmente, ele vai responder por receptação, pois os carros estavam com ele, que também não notou que os chassis dos carros estavam adulterados”, afirmou.

O advogado disse que seu cliente conta com antecedentes criminais e deve ser considerado inocente até a conclusão do processo.

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