A Justiça Eleitoral decidiu, nesta sexta-feira (2), que a pesquisa TODODIA/Ágili de intenção de votos para prefeito de Santa Bárbara d’Oeste atende todos os requisitos legais e está devidamente registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o número SP-02693/2024. A decisão foi proferida pela juíza Camilla Marcelo Ferrari Arcaro da 186ª Zona Eleitoral de Santa Bárbara d’ Oeste.
O portal de notícias Novo Momento divulgou o resultado da pesquisa em que o atual prefeito Rafael Piovezan (PL) seria reeleito com 41%. O Partido Agir entrou com um pedido de impugnação da pesquisa e perdeu. “A empresa responsável pela pesquisa cumpriu formalmente os requisitos previstos na resolução”, decidiu a juíza.
A TV TODODIA entrevistou a estatista responsável pela pesquisa do Instituto Ágili, Vera Lúcia Candiani. Ela explica que a maioria das contestações e pedidos de impugnação incorrem em erros primários de matemática e de estatística. Candiani detalha sobre a confiabilidade da pesquisa, pois segue os princípios científicos para retratar a realidade através de fórmulas.
Leia a entrevista na íntegra:
TODODIA: É comum a ocorrência de polêmicas que envolvam nas pesquisas eleitorais por desconhecimento de parte das pessoas da maneira com que os levantamentos são realizados.
Vera Lúcia Candiani: É comum ocorrência de polêmicas que envolvam as pesquisas eleitorais por desconhecimentos de parte das pessoas, da maneira com que os levantamentos são realizados.
TODODIA:Quais são os principais elementos de uma pesquisa eleitoral?
Vera Lúcia Candiani: Bom, uma pesquisa eleitoral, assim como todas as demais pesquisas acadêmicas, de mercado, de opinião, etc., tem como princípio básico os princípios científicos, ou seja, você tem que desenhar um modelo que tenta retratar a realidade através de fórmulas, vamos dizer assim. E o principal. O principal princípio de qualquer pesquisa é a aleatoriedade para garantir que você não esteja tendenciando o resultado da pesquisa.
TODODIA:Como é definida a quantidade de pessoas ouvidas para um resultado próximo do cenário real?
Vera Lúcia Candiani: Qualquer pesquisa a gente tenta estar próximo do cenário real. No caso da quantidade de pessoas, o que define a quantidade de pessoas é a margem de erro. Então, essa margem de erro que é utilizada normalmente no mercado para pesquisa de opinião ou de mercado é 5%, o que dá em torno de 400 entrevistas. Mas isso pode variar. Pode variar em função do tamanho da população. Quando é menor essa população, a gente pode conseguir manter a margem de erro, diminuindo um pouco essa quantidade de 400 entrevistas e outros fatores técnicos que podem afetar a quantidade de entrevista.
TODODIA: Pesquisas sempre têm margem de erro. O que o dado indica?
Vera Lúcia Candiani: Sim, as pesquisas sempre têm uma margem de erro. A margem de erro são várias margens de erro, que existem em uma pesquisa. Cada vez que a gente calcula um percentual, tem uma margem de erro associado. Isso está diretamente ligado ao modelo estatístico que a gente usa na pesquisa. Então, vamos dizer que a margem de erro seria uma variação natural em cima de dados aleatórios.
TODODIA: O que é a percentagem de confiabilidade?
Vera Lúcia Candiani: O nível de confiança de uma pesquisa significa que normalmente a gente usa em torno de 95%, significa que em cada 100 levantamentos 95% deles vão apresentar resultados semelhantes ao que a gente está apresentando. Depois é como as pessoas podem se assegurar de que o levantamento é confiável. Bom, é preciso entender um pouco de metodologia e estatística para entender o modelo que está por trás da pesquisa. Mas assim, a confiabilidade. Ela é dada pela margem de erro, pela credibilidade do instituto. Então, assim, se você olhar um instituto que tem pesquisas com mil entrevistas, com 400 entrevistas e tem a mesma margem de erro, pode ter certeza que é furada. O Instituto de Educação e Pesquisas é um instituto que tem a mesma margem de erro que a Margem de Educação e Pesquisas.
TODODIA: Como identificar uma pesquisa que esteja corrompida?
Vera Lúcia Candiani: Um dos fatores é verificar se a margem de erro está associada ao número adequado de questionários. Então, é o que eu falei, se você vê um levantamento de 400 entrevistas com 3% de margem de erro, pode acreditar que está errado; 400 entrevistas vão dar sempre em torno de 5% de margem de erro. Lógico que pode haver uma variação de acordo com o modelo que a gente está utilizando. E lembrando sempre que, a margem de erro é um número estimado.
TODODIA: O que diz o TSE sobre a publicação, divulgação e repercussão de pesquisas regulares?
Vera Lúcia Candiani: O TSE determina algumas regras para a publicação e divulgação das pesquisas. Algumas regras de variáveis que você deve utilizar no modelo da pesquisa. O TSE não comenta nada sobre as pesquisas e nem faz nenhuma crítica sobre os modelos utilizados. A gama de modelos é relativamente grande, que você pode utilizar numa pesquisa e quem pode contestar são os partidos políticos. Não é raro pedidos de impugnação de pesquisas.
TODODIA: O que pode levar à impugnação de um desses levantamentos?
Vera Lúcia Candiani: Normalmente, a impugnação diz respeito às regras do TSE que não foram cumpridas ou a contestação em relação ao modelo que está sendo utilizado na mesma. Em geral, as contestações, como elas são feitas sem o auxílio de um profissional de estatística, é o que acontece que a maioria das contestações elas são bem criticadas porque eles levantam questões como arredondamento. Por exemplo, utilização de níveis, de faixa etária, diferente do que é divulgado no TSE. A maioria das contestações incorrem em erros primários de matemática e de estatística.
Sobre a pesquisa em Santa Bárbara
Foram entrevistados 450 eleitores moradores de Santa Bárbara d’Oeste, maiores de 16 anos, entre os dias 9 e 13 de julho. Foi utilizada a aplicação de questionário estruturado, com entrevistas por telefone, junto a uma amostra representativa do eleitorado em estudo. A margem de erro é de 4,6 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. Custeada pelo Todo Dia (Rede Cidade de Americana) com recursos próprios, a pesquisa está registrada no TSE com o número SP- 02693/2024.
Sobre o Instituto Ágili
Com mais de 20 anos no mercado, o Instituto Ágili Pesquisas está entre as principais organizações de estudo, levantamento e interpretação de dados do país. O Ágili recebeu nota B no último ranking de pesquisas do Pindograma, ferramenta que analisa o histórico de confiabilidade de organizações do gênero no Brasil.
Além disso, o Ágili é um dos institutos que compõem o Índice CNN, agregador de levantamentos eleitorais usado pela emissora de notícias CNN Brasil na cobertura das eleições municipais deste ano.