sábado, 23 novembro 2024

Festival “Transforma 2020 – Música & Cidadania” acontece no próximo final de semana, em formato virtual

O Instituto Anelo, associação sem fins lucrativos que oferece aulas gratuitas de música no distrito do Campo Grande, em Campinas, realiza, no próximo final de semana, seu primeiro festival, o “Transforma 2020 – Música & Cidadania”. O evento integra as comemorações pelos 20 anos do Anelo e, devido à pandemia do novo coronavírus, será totalmente online, com transmissão aberta ao público pelo canal oficial do Instituto no YouTube (youtube.com/institutoanelooficial). 

O objetivo do “Transforma 2020” é oferecer a alunos e à comunidade em geral o contato com artistas, músicos e profissionais de reconhecida atuação no cenário artístico nacional e internacional por meio de videoconferências ou workshops, com duração de 90 minutos no máximo. Serão abordados três temas por dia, sempre com um convidado especial, tendo como mediadores professores e colaboradores do Instituto Anelo. A programação diária será finalizada com música. 

De acordo com o fundador e coordenador geral do Instituto, Luccas Soares, o Anelo começou a projetar a realização do próprio festival após o início da parceria com o Arcevia Jazz Feast, na Itália, seminário anual de jazz e improvisação do qual a instituição campineira participa desde 2015. E nada melhor do que dar início ao sonhado projeto no ano do 20º aniversário do Anelo. Outro fator determinante para que o Transforma saísse do papel, segundo Luccas, foi que, pela primeira vez, o Anelo iniciou o ano com dinheiro para concretizar o projeto – o festival faz parte do Plano Anual 2020 do Instituto, que tem a CPFL Energia como 

patrocinadora master, via Instituto CPFL, e também a Unimed Campinas como patrocinadora, ambas via Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

A ideia original, segundo Luccas, era a de que o evento fosse presencial, no Jardim Florence I, onde fica a sede do Anelo, com a participação, inclusive, de convidados internacionais. “Na Itália, tanto alunos quanto professores têm muita curiosidade sobre a música brasileira e demonstram muita vontade de conhecer o Anelo e ter uma experiência com a nossa música aqui”, diz, lembrando que o festival italiano é um modelo para o “Transforma”. Mas, com a Covid-19, o formato do festival foi adaptado para os tempos de pandemia. “Optamos por fazer o evento online, com a expectativa de que no próximo ano ele seja presencial”, afirma o coordenador geral. 

TEMAS 

Em sua primeira edição, o Transforma abordará temas diversos, tais como “Educação Musical Infantil”, “Piano Popular Contemporâneo” e “Projetos Sociais: Desafios nos Tempos Atuais”, com a participação dos seguintes convidados: a percussionista e professora Amanda Caetano Giarelli; o pianista, compositor, produtor e arranjador Fábio Leandro; o cavaquinista e bandolinista Henrique Araújo; o produtor, compositor e percussionista Ricardo Braga; a pianista, educadora musical e empreendedora social Moana Martins; e o multi-instrumentista, produtor, arranjador e educador Webster Santos. 

Outro convidado, o trompetista e professor Walmir Gil, participará da live “Que Instrumento é Esse? – Trompete”. Esse evento encerra a programação do primeiro dia do “Transforma” e inaugura a série de lives educativas promovidas pela Orquestra Anelo, maior grupo instrumental do Instituto Anelo, sobre os instrumentos que formam sua estrutura. 

Ainda na parte musical, o Transforma 2020 terminará com o lançamento do quinto vídeo da série Orquestra Anelo em Casa, com a música “O Canto da Ema”, composição de Jackson do Pandeiro com arranjo de Guilherme Ribeiro e interpretação do quinteto de saxofones da Orquestra, formado por Edmilson Santos (sax soprano), Marcelo Louback (barítono), Matheus Soares (sax tenor), Tércio Pereira (sax alto 1) e Vinicius Corilow (sax alto 2), com participação de Filipe Lapa na zabumba. 

Guilherme Ribeiro, diretor e curador do Transforma 2020, conta que, no “redesenho” do festival, buscou por temas que poderiam ser melhor abordados por videoconferência e que se relacionassem com a realidade e as demandas do Instituto Anelo, citando como exemplo a educação musical infantil, tema da conversa com Amanda Caetano. “O Anelo atende muitas crianças e a gente tem a necessidade de conhecer outras pedagogias, de questionar se o que fazemos está no caminho correto e apresentando um bom resultado. A presença da Amanda vai trazer uma pincelada de diferentes abordagens sobre a musicalização infantil.” 

Do ponto de vista do projeto social, ou seja, para ajudar a entender o que é o Instituto Anelo e que tipo de iniciativa ele pode oferecer para a comunidade, Guilherme convidou Moana Martins, coordenadora do projeto Orquestra nas Escolas, do Rio de Janeiro. “Ela tem muito a oferecer porque coordena um projeto social muito grande. Dividir essas experiências vai ser muito legal, estou com uma expectativa bem grande para essa videoconferência com a Moana.” 

Em relação aos demais convidados, Guilherme diz que Webster Santos tem um trabalho do qual gosta muito, o workshop “Música cura”. “Eu já assisti a esse workshop sobre a cura através da música, ou como a música colabora num processo de cura emocional. Acho muito oportuno, porque a gente está num momento muito delicado, que mexe muito com todo mundo emocionalmente e psicologicamente. E como o Instituto Anelo trabalha com música, imagino que será muito bacana”, disse, reforçando que será algo inédito no Instituto, que historicamente recebe músicos para tratar de temas essencialmente técnicos. 

“Já o Henrique Araújo e o Fábio Leandro são dois grandes músicos pelos quais tenho muita admiração”, afirma o diretor. Segundo ele, são dois músicos jovens e negros com uma posição muito interessante na cena musical, sobretudo paulistana, mas que se reflete no resto do Brasil. Para Guilherme, cada um, no seu instrumento e no seu estilo (Fábio é mais voltado para a música instrumental que se relaciona com o jazz e a improvisação; Henrique atua no universo o choro), vai poder dividir sua experiência sobre como chegou ao lugar que ocupa hoje. 

Ricardo Braga, por sua vez, é parceiro de palco e de estúdio de Guilherme Ribeiro – ambos acompanharam o grupo O Teatro Mágico, sendo que e Ricardo gravou no disco “Tempo”, de Guilherme (o diretor do Transforma é pianista, acordeonista, compositor, arranjador e regente da Orquestra Anelo). Ricardo é oriundo do Recôncavo Baiano, com uma ligação muito forte com a linguagem da música afro-baiana. “Ele tem muito a colaborar com uma área que, no Instituto Anelo, ainda está crescendo, que é a percussão. A percussão em si é uma área gigantesca, que envolve tanto a música popular como a música erudita.” 

Walmir Gil, músico experiente na cena de São Paulo, completa a lista de convidados. “Já trabalhei com ele em estúdio, escrevendo arranjos para discos. Ele é um cara muito prático, muito versátil dentro do estúdio, com uma experiência muito grande nas bandas e orquestras de São Paulo. Ele toca na Banda Mantiqueira. É um músico de outra geração, mais velho, e que vai colaborar para a divulgação que a gente quer dar ao trompete na primeira live da série educativa da Orquestra Anelo”, completa. 

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