A RMC (Região Metropolitana de Campinas) registrou saldo positivo de empregos pela primeira vez desde o início da quarentena decretada há quatro meses para conter o avanço do coronavírus no Estado. Em julho, as 20 cidades geraram 871 vagas de emprego, depois de saldos negativos sucessivos de abril a junho.
Juntas, as 20 cidades tiveram saldo negativo de 2.657 vagas em junho; 10.944 em maio; 22.480 em abril e 7.819 em março. Este é o indicativo do início da recuperação econômica para os presidentes de associações comerciais da região. Mas ainda é insuficiente para recuperar os 33.234 postos fechados no acumulado do ano (Leia mais abaixo).
O levantamento foi feito pelo Observatório da PUC-Campinas, a partir do balanço do emprego formal, com carteira assinada, do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério da Economia.
A cidade que mais gerou empregos mês passado foi Paulínia, com saldo de 714 vagas (diferença entre admissões e desligamentos); seguida por Sumaré, com 347; Hortolândia, com 210; Pedreira, com 188; Nova Odessa, com 159 e Indaiatuba, com 151. Treze das 20 cidades tiveram saldo positivo e sete cidades tiveram saldo negativo no mês passado (Veja quadro ao lado).
A economista Eliane Rosandiski, professora extensionista do Observatório da PUC-Campinas, disse que o comércio teve aumento na oferta de vagas em função da reabertura garantida pela flexibilização dos horários de funcionamento.
“Se antes a demissão atingiu fortemente essas atividades (comerciais), agora é normal que recontrate. Nos segmentos industriais em nível nacional foi maior a contratação em atividades relacionadas ao setor alimentício, também eletrônicos e eletrodomésticos. Mas, certamente, o maior destaque é o de produção de alimentos”, explicou a economista.
O setor têxtil de Americana, Hortolândia, Sumaré e Nova Odessa começou a reagir também, avaliou a economista. A construção civil também começa a se recuperar.
A convicção da economista é de que os programas de proteção ao emprego e de transferência de renda (auxílio emergencial) garantiram uma demanda mínima, em especial de produtos básicos. Mas ainda não é possível avaliar os impactos a curto prazo, em razão de possível extinção desses programas no fim do ano.
Estima-se que, em julho, 757 mil pessoas estavam recebendo auxílio e, dos 857 mil trabalhadores empregados formalmente, 47% seguem com contratos flexibilizados.
Associações vêem resultado com cautela
Os presidentes das Associações Comerciais da região analisaram com otimismo, mas com cautela os dados do Caged, que apontaram volta da contratação no comércio.
O presidente da Acia, Wagner Armbruster, analisa a recuperação diferente entre as cidades. “Os números são fruto de tudo que a região viveu por conta da pandemia do Covid-19, e em Americana não foi diferente. A recuperação nem sempre será idêntica em todos os municípios, devido a realidade individual de cada um. A Acia está certa de que a retomada da economia está ocorrendo e gradualmente refletirá no saldo de empregos”, disse Armbruster.
Presidente da Associação de Sumaré, Juarez Pereira da Silva disse que a economia dá sinais, ainda que tímidos, de reação.
Na análise do presidente da Acisb, João Batista de Paula Rodrigues, o município está no mesmo patamar das cidades de mesmo porte no acumulado do ano. “Quanto aos dados do mês de julho, ficamos abaixo das demais cidades.”
Três setores puxam alta
Responsável pela análise do Observatório da PUC-Campinas, a economista Eliane Rosandiski avalia que a recuperação dos empregos na RMC está sendo puxada pelas atividades de construção civil ( 824 vagas), indústria de transformação ( 598) e comércio ( 539).
Serviços, que apresentou saldo positivo de 467 postos ligados às atividades financeiras, de informação e comunicação, exibiu, por outro lado, resultados negativos nos segmentos de alojamento, alimentação, transporte e armazenagem.