A Polícia Federal de Campinas cumpriu um mandado de prisão e um de busca e apreensão no Jardim Colinas, em Hortolândia, dentro da Operação Enterprise, da PF e da Receita Federal de Curitiba, na manhã desta segunda-feira (23). A PF do Paraná desmantelou uma quadrilha de tráfico internacional de drogas e de lavagem de dinheiro.
Também foram cumpridos mandados na Europa e na África. Foi bloqueado R$ 1 bilhão da quadrilha, que agia em dez estados e no exterior. Segundo a PF, esta foi a maior apreensão de drogas e de descapitalização das organizações criminosas neste ano. Esta organização era especializada em enviar cocaína para a Europa.
A prisão na região foi confirmada pela assessoria da PF de Campinas, que não pode dar mais detalhes do envolvimento do detido no organograma da organização criminosa e nem dos materiais apreendidos.
A PF de Curitiba informou no final da tarde desta segunda-feira que não divulgaria o balanço em razão da grandeza da operação e do aguardo do envio de informações de outros países. A meta foi a descapitalização patrimonial, prisão das lideranças e cooperação internacional para desmantelar o grupo criminoso.
A operação foi batizada de Enterprise, por causa da dimensão da organização criminosa investigada, que atua como um grande empreendimento internacional de lavagem de dinheiro e exportação de cocaína.
Segundo a PF, foram sequestrados R$ 400 milhões em bens do narcotráfico, sendo a maior operação do ano em sequestro patrimonial, com apreensão de aeronaves, imóveis e veículos de luxo. Durante as investigações foram apreendidas anteriormente 50 toneladas da droga nos portos brasileiros, da Europa e da África.
‘DIA HISTÓRICO’
O coordenador nacional de Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas da Polícia Federal, delegado Elvis Secco, informou, durante a coletiva de imprensa, que esta foi uma cooperação histórica com a Receita.
“É um dia histórico hoje para a Polícia Federal, porque estamos mostrando para a sociedade a maior operação do ano. E com o decorrer da análise do material, eu posso dizer que vai ser a maior operação da história em lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas”, disse Secco.
Segundo ele, a PF bateu o recorde de R$ 1 bilhão em sequestro patrimonial da organização criminosa. Só em espécie foram apreendidos 11 milhões de euros (cerca de R$ 55 milhões).
O delegado federal ainda derrubou por terra a impressão de que os grandes líderes do narcotráfico moram na periferia. Disse que estão na elite, que financiam outros crimes e que estendem os braços dentro e fora do país.
Na Europa, a Polícia localizou uma mansão à venda por um dos chefões do tráfico avaliada em 2 milhões de euros (cerca de R$ 11 milhões). Segundo o delegado, os chefões tinham passaportes e documentos falsos e se movimentavam facilmente pela Europa e pelas Américas.
Mansão do chefão do tráfico na Espanha avaliada em 2 milhões de euros (Foto: Divulgação | PF)
ESQUEMA
O esquema utilizado pelos criminosos consistia na lavagem de bens e ativos multimilionários no Brasil e no exterior com uso “laranjas” e empresas fictícias, para dar aparência lícita ao lucro do tráfico.
Nesta operação atuaram 670 policiais federais e mais de 30 servidores da Receita Federal, que cumpriram 149 mandados de busca e 66 de prisão no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco.
Os mandados foram expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba. Em ações de cooperação internacional, foram expedidas, ainda, difusões vermelhas na Interpol para a prisão de oito investigados que estão no exterior, bem como a identificação e sequestro de bens em outros países.
Droga apreendida no Paraná durante a operação (Foto: Divulgação | PF)