Com a circulação do vírus de sorotipo 2 da dengue em ao menos 19 cidades das regiões norte e nordeste do estado de São Paulo e o consequente aumento de casos, o governo João Doria (PSDB) colocou o estado em situação de alerta.
Dos 645 municípios paulistas, o sorotipo 2 foi detectado em Santo Antônio de Posse , cidade da RMC (Região Metropolitana de Campinas), em Piracicaba, em Andradina, Araraquara, Barretos, Bauru, Bebedouro, Catanduva, Espírito Santo do Pinhal, Indiaporã, Ipiguá, Itajobi, Mirassol, Pereira Barreto, Pirangi, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Uchoa e Vista Alegre do Alto.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, essas cidades estão neste grupo, porque o sorotipo 2 vem circulando de maneira mais consistente desde 2017. Até 2016, apenas o sorotipo 1 da dengue aparecia nos municípios paulistas.
REGIÃO
Em Santo Antônio de Posse o sorotipo 2 da dengue foi detectado pela primeira vez em fevereiro de 2018. “Detectamos o sorotipo 2 no caso de número 110 (eles não revelam dados do paciente). Ao todo, foram registrados 867 casos deste tipo de dengue no ano passado na cidade”, disse Márcia Simeton, Coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município.
Segundo ela, a cidade teve uma explosão de casos de dengue em 2018, com 1130 notificações e duas mortes confirmadas pela doença. “Infelizmente, enfrentamos um momento difícil nos primeiros meses de 2018 quando nos deparamos com um surto de dengue no município”, comenta Márcia.
A coordenadora explicou que prontamente a Secretaria de Saúde iniciou um trabalho de contenção com bloqueio e controle de criadouros do mosquito nas residências e espaços públicos para minimizar a situação enfrentada nos primeiros meses de 2018.
“Durante todo o ano, trabalhamos muito e em diversas frentes para que os números de casos registrados diminuíssem e, ao mesmo tempo, iniciamos as medidas preventivas para que, neste ano de 2019, não sejamos acometidos por uma nova epidemia”, informou. Até agora, nenhum caso foi registrado.
A Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba foi procurada pelo TODODIA, mas, segundo a assessoria, a responsável pelo setor da Vigilância Epidemiológica não estava no local e que só ela poderia dar informações sobre a situação da dengue no município.
AGRAVAMENTO DOS CASOS
Até o dia 15 de janeiro, foram contabilizados no estado de São Paulo 610 casos de dengue. O número é similar ao verificado no ano passado.
Porém, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o quadro é preocupante não pelo número de casos, mas pela circulação mais consistente da dengue tipo 2 no estado.
O infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde, explicou que a dengue tipo 2 não é “especialmente pior”. O risco está relacionado à superposição de vírus.
“Desde o ano passado, o vírus tipo 2 já circula pelo país. Neste ano, a situação está mais preocupante. Quando aparece um novo sorotipo, automaticamente se provoca uma confusão imunológica, que é agravada no paciente que já contraiu a doença. Os danos são bem mais severos”, afirmou.
Antes, o sorotipo 2 era classificado como dengue hemorrágica. Atualmente, é considerado dengue grave pela OMS (Organização Mundial de Saúde).O coordenador afirmou que, neste momento, a Secretaria tem investido na capacitação adequada do corpo médico.
Segundo Boulos, as equipes de saúde das cidades em que a circulação do tipo 2 foi identificada estão sendo orientadas a dar uma assistência mais cuidadosa aos pacientes com suspeita da doença.