Hortolândia completa hoje seus 28 anos de emancipação política, buscando o crescimento e de olho num futuro mais próspero. Suplemento especial que circula hoje no TODODIA aborda os desafios da cidade e as conquistas dos moradores.
No terceiro ano do seu terceiro mandato, o prefeito Angelo Perugini enaltece história de lutas e conquistas da cidade como combustível para o crescimento urbano, social, econômico e humano do município. Veja os principais trechos da entrevista:
TodoDia – Prefeito, Hortolândia é formada por migrantes que chegaram à cidade a partir dos anos 70. Notamos que esse crescimento continua nos dias de hoje com a chegada de novos moradores. Como o senhor vê o crescimento daqueles anos com o crescimento que vemos hoje?
Angelo Perugini – Sou migrante. Nasci em Jacutinga. Cheguei em Hortolândia na década de 1980, quando era seminarista, e me deparei com uma cidade onde faltava tudo, principalmente para as pessoas mais pobres: asfalto, esgoto, transporte, iluminação, moradia, emprego. Fomos para as ruas, mobilizamos as pessoas, para mudar aquela triste realidade. O movimento social foi fundamental para a emancipação da cidade, em 1991, o que levou muitos anos para ocorrer de fato. Naquela época, as pessoas vinham para Hortolândia em busca de melhores condições de vida, de emprego, de moradia. A população crescia e não havia planejamento do poder público para suportar esse crescimento. Daí surgiram as ocupações irregulares, as favelas. Hoje a cidade, que já conta com cerca de 240 mil moradores, continua a receber migrantes de vários lugares do Brasil. Mas o crescimento se dá com planejamento. Oferecemos infraestrutura básica, serviços públicos nas áreas de saúde, educação, saneamento. O migrante que chega aqui hoje consegue viver com qualidade de vida, não vê mais esgoto correndo a céu aberto, nem uma cidade inteira com ruas de terra.
Nesse contexto, o que o senhor diria para esses novos moradores?
As pessoas que estão chegando aqui agora devem buscar conhecer a história de luta do povo de Hortolândia. É preciso conhecer a história para valorizar tudo o que hoje existe na cidade, o envolvimento e participação das pessoas nessas conquistas. Éramos o patinho feio da RMC (Região Metropolitana de Campinas), a cidade do presídio, das fossas, do desemprego. Com a participação de todos, construímos uma nova cidade, com coleta e tratamento de esgoto, referência pelo polo tecnológico que abriga, com universidade pública, parques ambientais, hipermercados, shopping, cinema.
O senhor hoje é responsável por resolver problemas cuja origem é o próprio desenvolvimento da cidade. A questão da mobilidade urbana é um exemplo. Como o senhor define o homem que foi um líder comunitário e se tornou o prefeito da cidade?
Eu sou o resultado do processo dessa luta do povo de Hortolândia que contou com a participação de centenas de pessoas que queriam fazer o bem para a cidade. Sinto orgulho da cidade que ajudei a construir muito antes de ser prefeito. Não podemos esquecer, jamais, que foi a partir das lutas populares, com a participação das igrejas, das associações de moradores, de lideranças comunitárias, que conquistamos transporte, a duplicação da SP-101, água, asfalto, tratamento de esgoto, dentre tantas outras benfeitorias. Nossa luta continua, agora, na busca de soluções para desafios que surgem com o desenvolvimento da cidade. A mobilidade urbana é uma delas. Por meio do PIC, vamos abrir novas ruas e avenidas, construir pontes e viadutos para facilitar a circulação das pessoas dentro da cidade, e na integração da Região Metropolitana.
Quando senhor foi prefeito pela primeira vez, as demandas eram por asfalto, rede de esgoto, saúde, educação… Hoje, a cidade tem demandas bem diferentes, como educação tecnológica, qualificação profissional… Como o senhor vê esse avanço nas reivindicações?
De 2005 a 2012, construímos uma nova cidade. Conseguimos, com o apoio da população, garantir obras e serviços que consolidaram a emancipação de Hortolândia como rede de esgoto, asfalto sem custo ao morador, fórum, INSS, dentre outros. Agora, as demandas da população são outras. Os moradores que aqui estão e as pessoas que chegam à cidade querem qualidade na prestação dos serviços públicos, em especial na área da Saúde, querem mais escolas técnicas, transporte de qualidade, mais áreas de lazer, espaços culturais. São novos tempos, graças a Deus, e essas reivindicações são naturais em uma cidade que conquistou o desenvolvimento. Há um grande esforço do nosso governo para atender essas novas demandas dos moradores.
Hortolândia completa 28 anos. Qual o principal desafio para quem administra a cidade hoje?
Com essa crise econômica, o principal desafio dos prefeitos é conseguir recursos para investir em obras e serviços. É preciso criatividade e parcerias, inclusive com o setor privado, para manter o crescimento da cidade e cumprir os compromissos assumidos com a população. Ficamos dois anos em busca de parcerias com o governo estadual, federal e a iniciativa privada para viabilizar projetos que vão garantir o desenvolvimento econômico, urbano e social de Hortolândia. Com os recursos obtidos nessas parcerias, criamos o PIC (Programa de Incentivo ao Crescimento). Somente com recursos municipais, não teríamos condições de fazer tantas obras e serviços.
O senhor criou o PIC, mas há quem diga que o programa só prevê obras e deixa de lado a área social. O que é o PIC, afinal?
O PIC é uma ferramenta que olha o ser humano e o vê por inteiro. Em janeiro de 2017, encontramos uma Prefeitura com as finanças comprometidas e um cenário nacional com a economia em baixa e muito desemprego. Diante dessa conjuntura, tivemos que encontrar uma saída para Hortolândia retomar o crescimento, com geração de emprego e investimentos em obras e serviços públicos. Então, planejamos as ações para desenvolver a cidade com qualidade de vida nos próximos 30 anos. Fomos buscar recursos, junto à iniciativa privada, para viabilizar esse projeto que inclui todas áreas do serviço público municipal. Conseguimos viabilizar recursos financeiros do Banco CAF (R$ 170 milhões), para investir em obras de mobilidade urbana e ambientais. Buscamos investimento da EMTU para continuidade das obras do Corredor Metropolitano, articulamos com a concessionária Rumo para construção do viaduto sob a linha férrea, na região central. Tudo isso com o apoio dos governos estadual e federal. Por meio do PIC, vamos levar desenvolvimento para as regiões mais pobres da cidade. Por causa do PIC, somos a única cidade da RMC que temos uma obra como a do Corredor Metropolitano, da Ponte Estaiada, do Parque Lago da Fé, dentre tantas outras.
O que esse programa prevê na área da saúde, principal área social e, que geralmente, é o maior alvo de reclamação das pessoas?
A área da saúde está entre as prioridades do PIC. Com recursos do programa, vamos reformar e ampliar o Hospital Mário Covas, que terá leitos de UTI e Tomógrafo. Já entregamos duas novas UBS (Amanda e Figueiras) e estão em reforma 4 unidades de saúde (Jd. Santiago, Novo Ângulo, Santa Clara e Adelaide). Implantamos o serviço de hemodiálise na cidade. Abrimos farmácias em 13 unidades de saúde e vamos colocar o serviço nas 17 existentes na cidade.
Qual a mensagem que o prefeito Angelo Perugini deixa para os moradores de Hortolândia neste mês de aniversário?
A esperança e o amor são fundamentais para que Hortolândia siga em frente. Nossa história é feita de luta. Do cultivo de sonhos. De participação e realizações. Do envolvimento das pessoas que construíram essa cidade. Esse espírito de superar desafios tem que se manter vivo.Vamos manter a chama da esperança acesa e jamais esquecer a nossa história, construída com muito amor. Esse sentimento é um ingrediente importantíssimo na construção do futuro da cidade que escolhemos para viver. No momento em que a esperança é nossa principal parceira e todos nós enfrentamos todos os dias discursos cheios de intolerância, nada mais humano que coloquemos o amor na construção de Hortolândia.