sexta-feira, 22 novembro 2024

Pandemia faz exportação despencar

A balança comercial da RMC (Região Metropolitana de Campinas) apresentou, em maio, os piores índices em uma década. Com os impactos globais do novo coronavírus, tanto as exportações como as importações despencaram em relação ao ano passado, o que denota queda acentuada das atividades industriais.

A constatação for feita pelos especialistas do  Observatório PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), formado por professores que apresentam periodicamente a análise conjuntural do mercado.

A RMC exportou em maio um montante de US$ 223,33 milhões. Há dez anos, as vendas foram de US$ 520,12 milhões.  

No mês mais crítico da pandemia até agora, os negócios naufragaram. As exportações da RMC  sofreram, só em maio, uma queda de 39,2% em relação ao mesmo período de 2019. Nove, dos dez principais produtos exportados pela RMC, tiveram as vendas afetadas.

Com exceção da soja, que aumentou suas vendas externas em 28,6% comparando-se ao maio de 2019, os produtos mais importantes da pauta de exportação tiveram resultados ruins no mês.

Os números são impressionantes na indústria automobilística. A venda de automóveis, por exemplo, caiu 84,15% em relação ao ano passado. A de peças e assessórios, foi 75,2% menor; e a de pneus, 70,47%.

Os negócios também despencaram em outros setores essenciais da indústria. Caíram mais de 50% as vendas de medicamentos, polímeros de propileno, papel, peças de motores, inseticidas e carnes preparadas ou conservadas.

A situação se justifica pela redução acentuada nas vendas para os principais países de destino, sobretudo Estados Unidos e Argentina, também afetados pela pandemia do novo coronavírus.

EM QUEDA

Em relação aos dez produtos mais importados pela RMC – que juntos totalizam quase 47% das compras externas realizadas em 2020 – a redução nas transações foi generalizada em maio.

As compras tiveram queda superior a 50% em relação a maio nos negócios que envolveram produtos agroquímicos, aparelhos telefônicos, circuitos eletrônicos integrados, compostos heterocíclicos, ácido de nitrogênio, acessórios para veículos, peças para máquinas de escritórios, máquinas de processamento automático, antissoros e vacinas, bem como compostos orgânicos e inorgânicos.

No acumulado do ano, o volume importado somou US$ 4,7 bilhões, enquanto o total exportado representou menos de um terço deste valor: US$ 1,33 bilhão. Até o momento, portanto, o deficit comercial da RMC no ano é superior a US$ 3 bilhões.

Os números da RMC refletem a crise de todas as regiões industrializadas do País. “No acumulado do ano, o Estado de São Paulo obteve queda de 21,3% nas exportações e 10,5% nas importações, com deficit comercial acumulado no valor de US$ 2,4 bilhões”, informou o economista Paulo Oliveira, responsável pelo informativo do Observatório PUC-Campinas.

As compras da China, por exemplo, principal fornecedor dos insumos usados nas linhas industriais brasileiras, caíram 65,27% em relação ao mês de maio de 2019.

ESTRATÉGIA

De acordo com o professor, os números revelam que o governo precisa adotar rapidamente uma política para atenuar os impactos da pandemia e recuperar a atividade industrial.

É o momento certo, segundo ele, até mesmo de o Brasil diminuir de maneira permanente a proporção do conteúdo importado na produção nacional.

 

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