Americana já conta com uma república para egressos de abrigos que completam 18 anos. Em parceria com a Aama (Associação de Assistência ao Menor de Americana), organização da sociedade civil sem fins lucrativos, montou o abrigo em uma casa alugada na Rua Paulo Setúbal, na Vila Santa Inês, próxima à sede da própria associação, uma das entidades da cidade que acolhem crianças afastadas de casa por determinação judicial.
A república era o serviço que faltava em um setor que, historicamente, garante amparo a menores que deixaram o lar depois que os pais se envolveram em situações como a prática de crimes ou o consumo de álcool ou drogas.
Acolhidos por determinação do Juizado de Menores, crianças e adolescentes aguardam o restabelecimento do núcleo familiar original ou, em grande parte dos casos, são colocados para adoção. Este era o drama: muitos menores completavam 18 anos, não tinham sido adotados e não podiam mais permanecer no abrigo para menores.
A proposta da república é exatamente permitir que o jovem assuma o controle da própria vida, possa procurar um emprego e se manter.
Na casa alugada, aberta em abril, mora por enquanto apenas um jovem acolhido. O único menor, aliás, que estava acolhido e chegou à maioridades neste ano.
“O imóvel, equipado com os eletrodomésticos essenciais, poder ser habitado por até seis jovens, afirma o pastor Ailton Gonçalves Dias Filho, secretário de Ação Social e Desenvolvimento Humano.
Na parceria firmada, a Aama aluga o imóvel e presta o serviço, e tem os gastos reembolsados pela prefeitura.
Mas, claro, a missão está apenas começando. Não basta apenas tirar o jovem do abrigo de menores. O rapaz nunca teve de gastar para colocar comida na mesa, nem pagou as contas de água e luz. Talvez nem saiba como fazer um currículo e procurar trabalho.
Por conta disso, a Aama destacou uma educadora e uma psicóloga – funcionárias do próprio abrigo de menores – que em parte do expediente orientam o único rapaz a viver na república. Ele aprendeu a cuidar da casa, por exemplo, e já conseguiu emprego.
De acordo com o secretário, o termo de colaboração firmado com a prefeitura prevê exatamente isso. A ideia é ajudar o jovem até ele ter autonomia, retomar os estudos, construir a própria vida. “O projeto prevê que o jovem seja tutoriado até que possa voar sozinho”, disse.
A presidente da Aama, Carmem Berto Bernardo, explica que o imóvel alugado tem duas casas disponíveis, uma com três e outra com quatro cômodos. Uma delas será um abrigo para meninas acolhidas que vierem a completar 18 anos.
Ela afirma que, à medida que a demanda aumentar, com a chegada de mais jovens, a entidade vai reforçar a equipe de profissionais dedicados à orientação. “A proposta é que eles deixem a república quando tiverem 21 anos, e estejam prontos para manter a própria casa”, diz a presidente.
“A república é um serviço essencial para redirecionar as vidas de jovens egressos de abrigamento por medida judicial”, define o secretário.
SAIBA MAIS
A Aama (Associação Americanense de Acolhimento) é uma OSV (organização da sociedade civil sem fins lucrativos) beneficente, fundada em 1985. A entidade atua no acolhimento Institucional de crianças e adolescentes de zero a 18 anos incompletos, conforme previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)