sábado, 28 setembro 2024

Espera por prótese chega a 7 anos

“Deus é maior que tudo, tem que esperar a vontade dele. Tenho dor 24 horas e não tem medicamento que dê jeito. Só a prótese vai resolver meu problema”, reclama o aposentado Luiz Antônio Torelli, 62. Se não bastasse, a esposa dele, a dona de casa Solange Cristina da Fonseca, 57, está esperando há quase cinco anos para colocar prótese nos dois joelhos. “O sonho da prótese é só um sonho mesmo. Eu e meu marido dependemos de vizinhos e amigos para tudo. Ele não consegue dirigir e eu não consigo andar mais de quatro metros”, explica.
Esse é um exemplo do que acontece com os pacientes da região que precisam de algum tipo de prótese e dependem do Governo do Estado. Para tratar desse e de outros assuntos, os secretários de Saúde da RMC (Região Metropolitana de Campinas) prepararam uma carta com os problemas da área e vão entregá-la para ao Secretário de Estado da Saúde, Marco Antonio Zago.
O TODODIA teve acesso à carta e, nela, os secretários afirmam que na região existem “enormes filas para cirurgia de prótese com tempo de espera de cinco a sete anos e muitos desses procedimentos estão sendo assumidos pelos municípios”.
É exatamente isso que o casal, morador de Nova Odessa, está sentindo na pele. Torelli passa a maior parte do dia deitado por conta das dores. “O médico me falou que só a cirurgia e a prótese no quadril é que resolvem. Já passei pela assistente social e estou aguardando ser chamado para a cirurgia. Ela disse que quando tiver a oportunidade me chama, mas avisou que tem muita gente na frente, não é só o meu caso”, lamenta.
A mulher dele passa a maior parte do tempo de cadeira de rodas. “Tenho diabetes, artrite reumatoide e preciso de prótese nos dois joelhos. Tomo muito remédio todos os dias. Tive que pedir as contas do meu emprego de 20 anos porque eu não conseguia mais. Eles falam que os mais velhos vão primeiro (para a cirurgia), mas até agora nada. Eu só conseguiria qualidade de vida com ela”, admite. Ela faz acompanhamento e espera a cirurgia na Unicamp.
OUTROS PROBLEMAS
No entanto, esse não é o único problema na região. Na carta, os secretários elencam que as 20 cidades da RMC estão passando por extrema dificuldade para sustentar as ações do SUS (Sistema Único de Saúde) e que gastam em média 30% de seus recursos com isso, gerando problemas orçamentários.
“Identifica-se que um conjunto de atribuições de responsabilidade do Governo do Estado não vem sendo cumpridas na sua integralidade, penalizando os municípios com a transferência das demandas (…)”, afirmam.
Entre essas atribuições eles citam a diminuição de consultas, internações, exames e procedimentos de alta complexidade em cardiologia, ortopedia, oncologia (com dificuldades de oferecer radioterapia e quimioterapia dentro do prazo previsto em lei), oftalmologia, assistência farmacêutica, insumos, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Saúde Mental.
A reportagem entrou em contato com Ester Viana, Diretora Executiva da Agemcamp (Agência Metropolitana de Campinas) para saber quanto é gasto médio dos municípios com custos de medicamentos e tratamentos determinados pela Justiça, mas ela disse que ainda não tinha os dados.
“(A carta) está sendo estruturada ainda para depois ser entregue (ao Estado). Ainda têm dados para serem levantados”, falou. Ela confirmou que a carta deve ser levada a São Paulo hoje.
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