Americana e Nova Odessa terão atos neste domingo com pedido de “Justiça por Mari Ferrer”, com objetivo de repudiar a decisão que inocentou o empresário André Aranha, acusado de estuprar a jovem em Florianópolis (SC) em 2018. Em Nova Odessa, a manifestação acontece em frente à prefeitura, às 11h. Em Americana, a Frente Feminista Marielle Vive convocou protesto às 14h, na Praça Comendador Muller.
A decisão que inocentou Aranha em primeira instância e a forma com que a vítima Mariana Ferrer foi tratada na audiência provocou uma onda de manifestações virtuais sobre o caso. Artistas, políticos, influenciadores, clubes de futebol e atletas criticaram a decisão judicial.
Para a professora Clarissa de Oliveira, 38, que faz parte da Frente Feminista Marielle Vive, o caso expõe um dos motivos para que muitas mulheres abusadas ou agredidas deixem de denunciar as agressões.
“É um assunto que a gente precisa falar. Porque a gente sabe que muitas vítimas não denunciam para não ter esse tipo de exposição. Tudo é traumático. Desde a agressão, até a delegacia, depois o exame médico, as audiências judiciais. Tudo isso acaba sendo outra violência contra a vítima, como a gente viu no caso da Mariana. Nossa ideia com o ato é chamar atenção para o caso e pressionar para reverter essa decisão e incentivar que as mulheres continuem denunciando”, afirmou.
A Frente Feminista Marielle Vive foi criada após o assassinato da então vereadora carioca Marielle Franco, e tem atuação unificada nas cidades de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d’Oeste.
O ato em Americana acontece domingo às 14h. A orientação é para que as participantes utilizem máscaras, busquem respeitar o distanciamento social e leve álcool em gel, por conta da pandemia.
NOVA ODESSA
Também no domingo, mais cedo, às 11h, um grupo de mulheres também irá se manifestar sobre o caso, na Praça dos Três Poderes, em frente à prefeitura. Uma das organizadoras do protesto, a auxiliar administrativo Gabriela Brito, 25, destacou que a manifestação terá também caráter educativo e informativo para as mulheres.
“Vamos reunir advogadas e psicólogas para falar sobre o tema. Apenas nos manifestar não adianta, vamos tentar dialogar, explicar o que aconteceu, deixar claro o que ocorreu, para as pessoas tomarem as conclusões. Vamos falar sobre tudo relacionado ao abuso, para que as mulheres conheçam seus direitos e peçam ajuda”, afirmou.
A organização do ato em Nova Odessa orientou as participantes a vestirem preto.
Candidatos repudiam
O caso de Mariana Ferrer ganhou repercussão nacional, e também fez parte dos assuntos abordados pelos candidatos e candidatas à Prefeitura de Americana anteontem e ontem. O tema motivou, inclusive, perguntas entre os postulantes em um debate realizado à noite.
Nas redes sociais, quatro candidatos se manifestaram sobre o episódio. Chico Sardelli (PV), Maria Giovana Fortunato (PDT), Lurdinha Ginetti (PT) fizeram publicações na terça à tarde. Já Rafael Macris (PSDB) publicou vídeo com trecho de sua fala do debate na noite de quarta-feira.
Chico publicou vídeo curto repudiando o caso, e dizendo, em tom determinado: “não existe estupro culposo, estuprador precisa ir para a cadeia”. Lurdinha compartilhou uma arte gráfica do PT com os dizeres “não existe estupro culposo” e escreveu, em outro post, “o dinheiro não pode comprar a impunidade”.
Também na tarde de terça-feira, Giovana compartilhou uma reportagem sobre o assunto e escreveu: “o Judiciário brasileiro se supera a cada dia, agora inventaram o ‘estupro culposo’. Uma vergonha! Nossa solidariedade a Mariana Ferrer!”.
Rafael se pronunciou ontem, publicando vídeo do momento em que apresenta sua proposta de criar um Centro de Referência da Mulher, onde vítimas de violência teriam apoio psicológico, social e jurídico.
“Não dá pra deixar mulheres que sofreram uma violência covarde sem nenhum tipo de amparo”, escreveu nas redes sociais.
