quinta-feira, 21 novembro 2024

Governo de SP acusa Ministério da Saúde de enviar 50% a menos de doses da Pfizer ao estado

Secretaria Estadual de Saúde diz que plano de imunizar adolescentes já em agosto pode ficar comprometido 

São Paulo recebeu 228 mil doses da vacina da Pfizer nesta semana, quando esperava que chegassem 456 mil doses ao estado – Divulção/Pfizer

Mônica Bergamo

Folhapress

O Ministério da Saúde disponibilizou nesta semana a São Paulo um número de doses 50% menor do que o estado teria direito. A acusação está sendo feita pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e pela Secretaria Estadual de Saúde, que enviou um ofício para a pasta para reclamar e pedir que a entrega seja normalizada.

Caso isso não ocorra, Doria (PSDB), não conseguirá cumprir o calendário já anunciado, que prevê o início da vacinação de adolescentes no dia 18. Eles só podem tomar o imunizante da Pfizer, o único testado até agora na faixa abaixo dos 18 anos.

Doria disse que não aceitará “boicote” do governo federal e que São Paulo está sendo punido por sua “eficiência”.

Ele afirmou em entrevista coletiva concedida nesta quarta (4) que a decisão do governo federal é “arbitrária” e “afronta o pacto federativo”. Afirmou também que ela “afronta a proteção de crianças e jovens”, já que pode retardar o calendário de vacinação.

Disse que o governo de Jair Bolsonaro já fez “maldades demais” com o Brasil e que agora faria uma “maldade adicional” contra São Paulo.

O estado recebeu 228 mil doses da vacina da Pfizer nesta semana, quando esperava que chegassem 456 mil doses ao estado. No ofício enviado ao ministério, a secretaria afirma que São Paulo “desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 sempre recebeu mais de 20% do quantitativo de vacinas destinado ao país, independente do público-alvo ou do imunobiológico”.

O quantitativo seria proporcional à população do estado, que representa cerca de 22% do total do país, segundo o IBGE.

“Diante do exposto, esta Secretaria de Estado da Saúde requer o envio complementar de pelo menos 228.150 doses da vacina Pfizer em até 24 horas, considerando a relevância e urgência que a matéria se reveste”, escreve o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, em ofício.

“Não podemos aceitar tal medida que corrompe o sentido maior de proteção da vida, que é a vacinação”, disse o secretário na entrevista coletiva que Doria e a equipe de governo concederam aos jornalistas nesta quarta (4).

O governador Doria também se manifestou sobre o assunto nas redes sociais nesta tarde. “O argumento é que SP está com a vacinação mais avançada. Estão punindo a eficiência da gestão de São Paulo?”, escreveu. “Isso pode atrasar a vacinação de 228 mil paulistas.”

Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se posicionou sobre a acusação.

“Estão punindo a eficiência da gestão de São Paulo?”, questionou João Doria – Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Imunização no Estado

De acordo com o governo, o estado de São Paulo já vacinou 80,04% de sua população adulta com ao menos uma dose. O balanço de terça-feira (3) indica mais de 27,15 milhões aplicações de primeira dose, 9,6 milhões da segunda e mais de 1 milhão de dose única.

No dia 28 de julho, o tucano afirmou que a imunização de adultos no estado de São Paulo com a primeira dose da vacina contra o coronavírus será finalizada até dia 16 de agosto. Na ocasião, Doria também anunciou o início da vacinação de adolescentes no dia 18.

A Pfizer foi a primeira fabricante a anunciar resultados de seu estudo em adolescentes de 12 a 15 anos, no início de maio, com 100% de eficácia.

De acordo com os resultados do estudo combinado de fases 2/3 em adolescentes, iniciado em 12 de outubro, foram detectados 16 casos de Covid-19 entre os 2.260 adolescentes envolvidos, todos no grupo placebo.

Além dos dados de eficácia, a vacina também se mostrou segura. E a imunogenicidade da vacina, isto é, capacidade de induzir resposta imune no organismo, foi quase duas vezes maior na faixa etária de 12 a 15 anos em relação àqueles com 16 a 25 anos.

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