quarta-feira, 27 novembro 2024

‘Eu sou democrático, sou do bem, sou do amor’, se defende Sérgio Reis

Cantor, que foi alvo de buscas da Polícia Federal por defender atos antidemocráticos, deu entrevista ao repórter Roberto Cabrini  

Sérgio Reis conversa com Roberto Cabrini no “Domingo Espetacular” – Reprodução/Record TV

O cantor Sérgio Reis, de 81 anos, deu entrevista, neste domingo à noite (22, a Roberto Cabrini no “Domingo Espetacular” e comentou a repercussão negativa de um áudio e um vídeo que viralizaram nas redes sociais, em que convoca uma greve nacional de caminhoneiros para protestar contra os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O sertanejo afirmou ter ficado triste e com a saúde abalada devido ao episódio, e pediu desculpas.

“Eu errei, cara, quem que não erra, quem não faz uma bobagem um dia? Não me arrependo de nada, só essa frase infeliz que brinquei com um amigo e vazou, mas não é a realidade. […] Quero me redimir com esse povo, desculpa. Até o Supremo [Tribunal Federal], se tiver algum pedido para me prender, aceito com respeito. Não saí daqui, não me escondi. Se 6h da manhã vier a Polícia Federal aqui em casa, eu me entrego. […] Eu sou democrático, sou do bem, sou do amor”

por Sérgio Reis, cantor

Já me chamaram de velho gagá. Com 81 anos a gente fica meio gagá. […] Posso até não ser, mas falei uma bobagem como um velho gagá. […] Estou triste porque estão me julgando de uma forma que eu não sou”.

Sérgio Reis reforçou que apoia uma greve dos caminhoneiros, mas defendeu uma paralisação pacífica: “Errei e agora não vai ter isso. Vai ser uma passeata amigável, quieta. Tem que parar o país? Para, mas não quebra nada, não faz nada com ninguém”.

Em seguida, o sertanejo pediu mudanças ao Senado e no Supremo Tribunal Federal. “Eles [Supremo Tribunal Federal] tomam as atitudes que acham que estão certas, se acham os donos do país, fazem coisas que desagradam a gente. Isso incomoda. São soberanos, mas até aonde vai eu não sei. […] O Senado tem que acordar, desculpe. Pergunta para o povo que vai lá se eles concordam com eles. Eu não concordo. Se você concorda, problema seu, é seu direito, é democracia. A frase está errada, eu reconheço. Só não quero eles lá, alguém tem que tirar”, afirmou o cantor.

“Se caso eu os ofendi, que me perdoem como ser humano e também com respeito ao cargo de vocês. Agora, respeitem o povo também. Acho que estou sendo injusto. Peço desculpas se eu magoei alguma coisa ou o Alexandre, qualquer um”, acrescentou ele em uma mensagem aos ministros do STF.

O artista relatou que quase desistiu de dar entrevista ao jornalista. “Fui massacrado esses dias, nunca me telefonaram tanto na minha vida. Não estava bem fisicamente, emocionalmente, para dar qualquer entrevista. Estou triste”, disse ele.

Depois, durante a conversa com Cabrini, o cantor chegou a se exaltar ao ser questionado sobre a mensagem dita no áudio que viralizou: “Esquece esse áudio, eu errei. Dá licença de eu errar? Então, acabou, morreu aí, não fala mais. Se não eu paro a entrevista aqui”.

A mulher do artista, a também cantora Ângela Bavini, afirmou que os dois passaram mal. “Eu não aguento ver meu marido passar pelo que está passando, ele não merece. Ele errou, mas quem não erra? […] Ele está sendo esquartejado, tipo um mártir”, lamentou ela, em lágrimas.

Roberto Cabrini voltou à casa de Sérgio Reis após a Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao cantor na última sexta-feira (20). Acamado, o artista lamentou a falta de apoio no meio artístico.

“Só o Roger do Ultrage a Rigor me mandou uma mensagem dizendo que está do meu lado. Foi o único artista”, desabafou ele, que depois recebeu também uma mensagem do cantor Renato Teixeira durante a gravação da entrevista.

Entenda o caso

Um áudio e um vídeo que circularam nas redes sociais no último fim de semana levaram o cantor Sérgio Reis a integrar também o noticiário político. Nas gravações, o ex-deputado apareceu convocando uma greve nacional de caminhoneiros contra os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) — alvo constante do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem Reis é aliado.

A promessa de paralisação dos caminhoneiros ganhou força nas redes sociais no domingo (15). Pelas mensagens postadas, os profissionais deverão cruzar os braços em 7 de Setembro, Dia da Independência, em um movimento que engrossaria outras manifestações públicas já programadas a favor do governo.

Lideranças dos caminhoneiros, no entanto, dizem que o cantor não os representa. Já o Ministério da Infraestrutura, nos bastidores, não leva a mobilização a sério. Na última sexta-feira (20), a PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao cantor Sérgio Reis.

Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O objetivo, segundo a PF, é apurar se o cantor cometeu o crime de incitar a população a praticar “atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes”.

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