Uma operação deflagrada pelo MP (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) e a Polícia Civil levou à prisão ontem cinco acusados por supostos desvios de mais de R$ 6 milhões em contratos fraudulentos no setor de Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro. Segundo o MP-RJ, eles integram uma organização criminosa que atua na organização social (OS) Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), que tem contratos para gestão de unidades de saúde. Entre os presos está o empresário Luis Eduardo da Cruz, acusado de ser administrador oculto da Iabas, e sua esposa, Simone Amaral da Silva Cruz, que foram encontrados em um condomínio de luxo no bairro Gramado, em Campinas.
Além do casal, foram presos também Marcos Duarte da Cruz, além de Adriane Pereira Reis e o empresário Francesco Favorito Sciammarella Neto. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados e de outros fornecedores da OS na Capital paulista e no Rio de Janeiro.
Em entrevista ao portal G1, o promotor do Ministério Público de Campinas, José Claudio Tadeu Baglio, informou que o casal alugou uma residência em um condomínio no bairro Gramado, área nobre da Campinas, e morava no local desde de 16 de julho.
A DENÚNCIA
De acordo com o MP-RJ, o Iabas foi estabelecido com o “falso argumento de prestar serviços públicos de saúde”, mas, na verdade, era utilizado “para o cometimento de centenas de delitos de peculato e lavagem de dinheiro”.
Ainda segundo o MP-RJ, à frente do Iabas, o grupo superfaturava contratos de serviços e aquisição de bens e repassava esse dinheiro para os acusados por meio de empréstimos simulados, transações financeiras estruturadas e pagamentos de cheques fracionados.
“Apenas do município do Rio de Janeiro, ente que mais repassou valores à OS, foram desviados mais de R$ 6 milhões a pretexto da execução de serviços de exames laboratoriais, jardinagem nas unidades de saúde, locação de veículos e manutenção predial por quatro fornecedores”, diz a nota do MP-RJ.
O Iabas também tinha contratos com os Estados do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul, além da prefeitura de São Paulo. “Em abril de 2020, a organização já havia recebido aproximadamente a espantosa cifra de R$ 5,2 bilhões de dinheiro público, junto aos quatro entes federativos”, diz a nota.
Em nota, o Iabas informou que a operação de ontem não se refere a contratos com os governos do Rio, de Mato Grosso do Sul e a prefeitura de São Paulo, mas apenas a contratos com a prefeitura, que não estão mais vigentes.
Além disso, disse que Luis Eduardo Cruz, preso em Campinas, não tem mais relação com a organização social e que o Iabas desconhece qualquer contrato com empresas ligadas à família dele.
Também em nota, a prefeitura do Rio informou que, desde abril de 2019, não tem mais contratos com o Iabas e que multou a OS em R$ 27,9 milhões.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos demais presos na operação.