sábado, 27 abril 2024

Vacinação de 50% não garante flexibilização

Infectologista da Unicamp esclarece que o índice de imunização total de ao menos 80% é um dos pilares no controle da pandemia

VACINA| Cedo para flexibilização total , diz infectologista (Foto: Divulgação)

Enquanto os brasileiros já estão de olho no Carnaval, na ânsia de poder voltar a aglomerar numa das festas mais populares do Brasil, em países como Reino Unido e Rússia, as contaminações pela Covid-19 pararam de cair e voltaram a aumentar, respectivamente. O Reino Unido registrou, por duas vezes, quase 50 mil novos casos diários de Covid-19, superando a situação na maior parte da Europa. Já Moscou voltará a adotar medidas de lockdown a partir do dia 28 para combater uma alta nos casos. Todas as lojas, bares e restaurantes serão obrigados a fechar, exceto aqueles que vendem bens essenciais.

A situação ocorre num contexto em que o Brasil alcança metade da população que pode se vacinar totalmente imunizada com ao menos duas doses ou dose única. Mas este ainda não é um cenário para alívio, como alerta a infectologista Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Ela esclarece que o índice de imunização total de ao menos 80% é um dos pilares no controle da pandemia. A manutenção da prevenção com o uso de máscaras, higienização e distanciamento sempre que possível é outra. “O Reino Unido tem 67% de cobertura da vacinação completa, caminhando para a dose adicional. E quando falamos de população vacinada, é importante considerar a imunizada no período inferior seis meses, pois, passado esse tempo, idosos e imunossuprimidos perdem essa proteção.
Com um índice considerado abaixo do ideal, o país abriu mão do uso de máscaras inclusive nos ambientes fechados. Os países que têm apresentado aumento nas contaminações estão falhando na orientação de medidas não farmacológicas”, analisa.
No entanto, ela chama atenção para outra questão que faz muita diferença: o Reino Unido faz muito mais testagens, portanto, terá, naturalmente, um índice maior de confirmações. De acordo com ela, o Brasil está na posição 124 na testagem para diagnóstico de Covid-19, na comparação com outros países.

APRENDER A CONVIVER
A infectologista salienta que viveremos num contexto em que será preciso aprender a conviver com a doença. “Não ficaremos longe da Covid, mas precisamos do controle das formas graves da doença, que a vacinação é capaz de fazer”.

Ela também considera a situação do Reino Unido um alerta para o Brasil. “Muitos gestores consideram que 50% de vacinação é um índice excelente, mas não é. É insuficiente para pensar em flexibilização e abrir mãos medidas não farmacológicas. É um índice que ainda exige cautela e atenção uso de máscaras com maior poder de infiltração em todos os ambientes onde houver risco de aglomeração ou proximidade com pessoas que não fazem parte do nosso convívio diário, sobretudo em ambientes fechados.

SEIS MESES

Sobre a queda da imunidade após seis meses da última dose, ela salienta que essa perda foi identificada sobretudo nos grupos de idosos acima de 60 anos e imunossuprimidos. Abaixo dessa idade e fora das condições dessa comorbidade, não há avaliação a longo prazo da Coronavac, mas as demais vacinas indicam uma proteção mais prolongada. Mesmo assim, países como Israel e Estados Unidos já estão vacinando novamente a população adulta. Mas ela defende a importância da dose de reforço nos idosos e imunossuprimidos enquanto o vírus ainda está em grande circulação. 

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