sábado, 21 dezembro 2024

Crise hídrica faz ilha reaparecer em represa no interior de São Paulo

 A ilha tem 38.880 metros quadrados, o equivalente a 5,4 campos de futebol

A ilha ressurgiu em meio à crise hídrica que atinge parte do país (Foto: Rede Brasil do Pacto Global/Divulgação)

Ela sempre esteve ali, mas não fazia parte da paisagem de quem se aproximava da represa de Jurumirim, no rio Paranapanema, em Avaré, no interior paulista.

A ilha de 38.880 metros quadrados, o equivalente a 5,4 campos de futebol, ressurgiu em meio à crise hídrica que atinge parte do país e que foi responsável também pela reaparição de um barco naufragado há mais de 90 anos e de construções de uma antiga cidade no interior de São Paulo.

O ressurgimento da ilha motivou a Rede Brasil do Pacto Global a lançar uma campanha para “afundar” a área –na verdade, contra a destruição da Amazônia e o aquecimento global, entre outros pontos que contribuem para o surgimento de problemas como a crise hídrica vivida no país.

“Quando a represa está em um nível normal, a ilha fica completamente submersa. Por isso, não é possível encontrá-la em nenhum mapa. Mas, com a crise hídrica, ela apareceu na superfície e vem ficando cada vez maior. Hoje, a dimensão já chega a cerca de 270 m x 144 m, 38.880 metros quadrados”, diz trecho da campanha lançada pela rede.

A bacia hidrográfica tem área de 17,8 mil quilômetros quadrados, com cerca de 100 quilômetros de comprimento e até 3 quilômetros de largura em alguns trechos. O volume de água é quase quatro vezes superior ao da Baía de Guanabara, no Rio, conforme a entidade.

O volume útil do reservatório, que banha dez cidades paulistas, atingiu 21,86% neste sábado (18), um dos piores do mês, de acordo com dados da ANA (Agência Nacional de Águas).

A crise hídrica fez reviver em cidades que dividem São Paulo de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul um passado que estava submerso devido ao alagamento de rios para a construção de reservatórios que abastecem hidrelétricas.

Com o baixo nível da água em decorrência da falta de chuvas na maior parte do ano, em Guaraci, que fica na divisa com Frutal (MG), o recuo da água do rio Grande, que em alguns pontos superou os 200 metros –e ficou mais de 10 metros mais raso– fez com que uma antiga ponte utilizada por peões boiadeiros para o transporte de milhares de cabeças de gado ressurgisse.

Já em Colômbia, uma embarcação de ferro de 20 metros de comprimento e que naufragou supostamente há 90 anos, também no rio Grande, ressurgiu.

Ela era utilizada para o transporte fluvial de produtos como café, farinha e madeira do rio Grande para locais no curso do rio Pardo, e supostamente estava com excesso de carga quando afundou.

Como nunca foi tirada do local, voltou a ser visível, como já tinha ocorrido ao menos outras duas vezes nos últimos 20 anos, entre novembro e dezembro do ano passado e na crise hídrica de 2001.

É o que ocorre também em Rubineia, cidade que tinha cerca de 10 mil moradores nos anos 70 e foi alagada em 1973 para o surgimento do reservatório da hidrelétrica de Ilha Solteira, no rio Paraná. Pela segunda vez –a primeira foi em 2014– antigas estruturas antes submersas voltaram a ser visíveis.

A seca no trecho local do lago fez com ressurgissem pilares da plataforma de embarque da antiga estação ferroviária, partes de uma antiga serraria, um antigo playground que existia numa praça, um cocho para tratar os animais e estruturas utilizadas para a higienização de vagões ferroviários, como uma caixa d’água. 

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