Por Marcos Barbosa
Meu assunto dessa semana não poderia ser outro senão um digno adeus a esse cachorrinho que tanto me amava e que sempre esboçou felicidade tamanha com a minha presença. Sempre foram recíprocos esses sentimentos. Infelizmente, nesta semana, o Bob, cachorrinho do meu companheiro, um poodle cinza, todo pintadinho e cheio de amor, fugiu de casa e acabou atropelado.
Em nossa última convivência, pude ver o quanto ele se importava comigo. O quanto era importante para ele acompanhar a vida das pessoas daquela casa, sempre estando por perto. Como se pudesse proteger ou algo parecido. Desde o bom dia às inúmeras vezes que ele ficou à espera de acordarmos.
É verdade também que, às vezes, ele só vinha porque queria comida mesmo. Aliás, ele não podia ver a gente na cozinha que já corria lá pra filar uma bóia.
E a felicidade dele quando eu chegava às sextas? Parecia que o cachorro ia enfartar. Era uma festa só! Corria sempre de um lado para o outro, pulando na gente, e envergonhado, escondia a cabeça no meio das nossas pernas. Engraçado como nem o tempo e a distância são capazes de apagar a gente da memória deles. Quando eu e meu namorado passávamos alguns dias fora, os relatos eram de que ele ficava triste, amuado. E dói saber que ele se foi em uma semana em que não estávamos lá.
O Bob, pelo menos uma vez ao ano, tinha esse costume de fugir. Não sei o que dava nele, mas ele fugia e sempre voltava. Não desta vez. O conforto é que soubemos o que houve com ele, e assim não teremos de conviver com a dúvida sobre o que houve com ele.
Na última semana ele tomou banho. Ficou tão, mais tão feliz! Subiu na cama, fez manha, brincou com a gente.
Nós tínhamos a mania de soprar no rosto dele, porque ele tentava morder o ar. Ele também tinha o costume de sempre querer lamber nosso rosto.
E o Dudu? E o Jonas? Pra quem não conhece, Dudu era um cachorrinho de borracha que ele brincava. E Jonas, a galinha. Aliás, ele vinha a todo instante com esses brinquedos para que jogássemos para ele buscar.
O Bob foi o cachorro mais carinhoso, amoroso e cuidadoso que pude conhecer. Sei que é um pouco da raça, mas ele tinha algo especial. Tive a oportunidade de conviver com ele por pouco mais de seis anos. Alegria a minha ter compartilhado tanta coisa boa.
Nunca vou me esquecer das inúmeras vezes em que o carreguei no colo, pra cima e pra baixo, pra que ele visse a casa de cima. Sei que pode não representar nada às pessoas, mas era algo que ele só deixava eu fazer. Aliás, era uma coisa nossa.
Ele sabia quando eu não estava bem e sempre esteve ali, indiretamente, demonstrando amor e compaixão. Eu nunca tive cachorro, mas o Bob era como se fosse o meu. Vou carregar pra sempre em minhas lembranças e no meu coração.
E sempre que possível farei questão de recordar esses momentos, porque foram especiais. Que bom que tive a oportunidade de compartilhar tantos momentos com ele e ao lado de pessoas que tanto amo.
Ele também atendia pelo nome de Wendy. Não sabemos até hoje o porquê. Mas acho que o coração dele era tão grande, que um nome só era pouco pra ele.
Se existe um céu para animais, hoje ele está em festa por receber esse animalzinho tão doce! Vá em paz, meu amigo querido. Descanse, Bob!