Nesta segunda, longas filas se formaram para testar os moradores. “Se apenas um caso for detectado, toda esta área pode ser afetada”, disse Yao Leiming, 25, que trabalha no distrito, enquanto aguardava
Moradores de Pequim já começam a estocar alimentos e suprimentos básicos em meio ao temor de um novo lockdown na capital chinesa, enquanto o país enfrenta o pior momento da pandemia de Covid-19 em mais de dois anos.
O receio da população é de uma quarentena rígida, nos moldes da que ocorre em Xangai, onde houve uma crise de desabastecimento que revoltou parcela da cidade, polo financeiro da China que registrou 51 mortes pela doença somente nesta segunda-feira (25).
A preocupação com a possibilidade de um lockdown em Pequim cresceu depois que as autoridades do distrito de Chaoyang, o mais populoso da cidade, que abriga 3,5 milhões de pessoas, ordenaram que todos os moradores da região façam três testes para a doença nesta semana –na segunda, quarta e sexta-feira. Depois do anúncio, outros dez distritos afirmaram que também farão campanha de testagem em massa de quinta a sábado.
Nesta segunda, longas filas se formaram para testar os moradores. “Se apenas um caso for detectado, toda esta área pode ser afetada”, disse Yao Leiming, 25, que trabalha no distrito, enquanto aguardava.
É em Chaoyang onde fica a maioria das embaixadas estrangeiras, além de sedes de grandes empresas e bairros com moradores de alta renda. Alguns prédios já foram fechados e autoridades decretaram restrições em que moradores só podem sair de casa por motivos essenciais, informou a televisão estatal.
Com tudo isso, moradores correram aos supermercados no domingo (24) em busca de produtos básicos, como vegetais, carne, macarrão instantâneo e papel higiênico.
Zhao, 31, morador de Pequim, foi às compras quando ouviu sobre as possíveis restrições e saiu com sacolas de mantimentos com ovos e legumes, preocupado com o filho pequeno. “Os adultos podem sobreviver alguns dias, mas não é a mesma coisa para as crianças”, disse.
Wang, 48, outra moradora da cidade, disse temer que “as coisas fiquem como em Xangai”. “As pessoas estão ansiosas, todo mundo está pegando produtos e temos medo de que as coisas acabem”, disse. Em Xangai, onde a maior parte da população está confinada há semanas, o principal gargalo no fornecimento de alimentos tem sido a falta de entregadores.
Na noite de domingo, já faltavam produtos em aplicativos de entrega em Pequim. Um estudante que conversou com a agência Reuters afirmou que pediu dezenas de lanches e 10 quilos de maçãs pela internet. “Estou me preparando para o pior”, disse o rapaz, que se identificou como Zhang.
Redes de supermercados como Carrefour e Wumart disseram que mais do que dobraram seus estoques. A plataforma de supermercados online Meituan também anunciou que aumentou os estoques e o número de funcionários para triagem e entrega, de acordo com o Beijing Daily, jornal oficial do regime na capital.
As redes de supermercados devem garantir que os produtos sejam reabastecidos a tempo, disse o governo, e o horário de funcionamento das lojas também será estendido. Uma autoridade do regime também afirmou que as reservas de grãos refinados e petróleo podem atender às necessidades de consumo dos moradores por 30 dias.
Desde sexta-feira, Pequim registrou 70 casos transmitidos localmente em oito de seus 16 distritos, 46 deles em Chaoyang. O número de casos da capital chinesa ainda é pequeno em comparação com as centenas de milhares de contaminações registradas em Xangai, mas o distrito de Chaoyang já pediu aos moradores que reduzam as atividades públicas.
Quase 30 complexos residenciais de Pequim enfrentam atualmente alguma forma de confinamento. As academias da cidade cancelaram aulas e suspenderam as atividades.
Também foram anunciados controles rígidos para a entrada na cidade, que incluem a apresentação de testes negativos de Covid-19. A poucos dias do feriado de 1º de maio, a prefeitura ordenou que as agências de viagens suspendam as excursões em grupo na capital.
Apesar das medidas e das filas para testagem, a vida ainda segue relativamente normal na capital chinesa, com 22 milhões de habitantes, e a maioria das escolas, lojas e escritórios permanecem abertos.