Um avião monomotor caiu ontem à tarde no bairro da Casa Verde, na zona norte de São Paulo, deixando dois mortos, 11 feridos, casas destruídas e veículos incendiados.
A queda ocorreu em uma área residencial próxima ao aeroporto Campo de Marte.
Os dois mortos eram os únicos ocupantes da aeronave -os pilotos Leonardo Kazuhiro Imamura, 43, e Guilherme Peixoto Murback, 26- e os feridos tiveram lesões em solo, mas sem estado grave.
O avião havia decolado às 15h55 em direção a Jundiaí (interior de SP) e caiu na rua Antonio Nascimento Moura, ao lado da avenida Braz Leme, ligação entre o bairro de Santana e o centro paulistano.
Ao menos quatro casas foram atingidas -três delas foram interditadas- e sete veículos foram danificados.
A aeronave que caiu é um modelo Cessna 210 com capacidade para quatro pessoas. Ela tinha certificado válido até dezembro de 2022. Com esta queda, são oito as mortes em acidentes deste modelo de aeronave em 2018, segundo o Centro de Investigação de Acidentes da Força Aérea Brasileira. O Brasil tem média de 1 acidente aéreo a cada 2 dias nos últimos dez anos.
De prefixo PR-JEE, o avião é privado, de propriedade de Fernando Matarazz e foi fabricado em 1980. Matarazzo não estava no voo, segundo a HPE Autos, empresa na qual ele trabalha e que representa a Mitsubishi no Brasil.
MEDO E TENSÃO
A auxiliar administrativa Andreia Ribeiro, 42, que trabalha numa imobiliária vizinha das casas atingidas, conta que no momento do acidente ouviu um estrondo, a casa tremeu e as luzes apagaram.
Na rua, as pessoas gritavam dizendo que a aeronave ia explodir. “Quando a gente saiu na porta o fogo já tava vindo. Chegou no hall de entrada. Larguei celular, bolsa, chave.”
Raimunda da Cunha, 45, que mora na casa ao lado da atingida pelo avião, diz que estava deitada no sofá por volta das 15h30 quando ouviu um estrondo. Desceu as escadas e encontrou a casa vizinha em chamas. “Ajoelhei e fui orar, não tinha mais o que fazer. Comecei a ligar pros meus irmãos para me despedir deles.”
A aposentada Neusa Umile Bovolenta, 76, e o marido João Bovolenta, 83, estavam na sala de casa terminando o lanche da tarde, “um bifinho no meio do pão”, quando o estrondo seguido de espessa fumaça preta invadiu o cômodo.
Os idosos correram para a casa dos fundos do terreno onde moram, de onde viram tudo queimar. “Não tem mais casa. Acabou tudo”, diz Neusa. “Era uma casa feita com amor. Tudo na madeirinha, no chão, no teto, as telhas…”
Ela e o marido foram resgatados quando os bombeiros apagaram o fogo. “Pegaram a gente no colo. Se eles demorassem um pouquinho mais a gente morria.”
A zona norte já teve ao menos outros seis acidentes aéreos graves desde os anos 1980.
O episódio mais recente aconteceu em julho de 2018, quando uma aeronave que vinha de Santa Catarina caiu na pista do aeroporto em São Paulo, causando a morte do piloto. Outras seis pessoas se feriram.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a aeronave acidentada ontem à tarde estava apta para voar, com certificado de aeronavegabilidade e inspeção anual de manutenção válidos.