A iniciativa funciona com diversos projetos e o mais procurado é o Amigos em Casa, que promove o match entre jovens e crianças e adolescentes com deficiência
“Viver a vida sem amigos não vale a pena, não é uma vida completa”. Foi assim que a mãe do pequeno Luís Felipe, Ana Paula, descreveu a aflição por ver seu filho sem ter amigos. Essa é uma realidade na vida das crianças com deficiência que a Friendship Circle Brasil quer transformar. E vem transformando.
A ONG foi criada pela especialista em Educação Especial, Bella Shapiro. Ela se formou nos Estados Unidos, onde conheceu o trabalho e decidiu trazer para o Brasil há 9 anos. “A palavra encantamento é pouca, eu fiquei deslumbrada”, disse a fundadora do projeto no Brasil.
A iniciativa funciona com diversos projetos e o mais procurado é o Amigos em Casa, que promove o match entre jovens e crianças e adolescentes com deficiência, criando inclusão social, convivência e laços de afeto e amizade. Tem ainda o Dia da Alegria, o Círculo da Inclusão, o Clube do aniversário, a formação dos voluntários e o apoio às famílias.
“A gente percebe que a criança com deficiência sofre um processo de exclusão social na sua formação, na própria convivência. Ela via de regra nunca é chamada para ir na casa de um amigo, festinha de aniversário não participa, nenhum amigo vem na casa depois da aula, e a convivência é sempre com outros adultos, na terapia ou em outros eventos”.
Com o projeto, os jovens voluntários vão na casa das crianças e criam vínculos permanentes, uma amizade real oficial. Os voluntários são jovens entre 13 e 23 anos e as crianças e os adolescentes com deficiência participantes são pessoas de 3 a 19 anos de idade.
Qualquer pessoa nessas faixas etárias pode se inscrever para se voluntariar ou ser participante. O benefício é para todos. “Essa convivência muitas vezes não acontece pela questão do preconceito. É muito bacana como é transformadora essa experiência”, disse Bella.
As famílias de todos também se envolvem no projeto. “A sociedade tem suas dificuldades, preconceitos, de enxergar as potencialidades das pessoas com deficiência e quando a gente dá oportunidade desse jovem conviver com pessoa com deficiência, já desde a base, a grande riqueza, é que não deixamos o preconceito nem se desenvolver”, analisa.
Bruno Stisin tem 21 anos e se tornou amigo de Mig, um garoto de 12 anos com Síndrome de Down. “Para mim, ele é o meu irmão, virou meu irmão mais novo. É muito poderosa a experiência”, disse o jovem.
Antes da pandemia, todo o trabalho era presencial e passou a ser também online. As atividades presenciais já retornaram e hoje o projeto está em várias cidades além de São Paulo, inclusive em duas comunidades de Paraisópolis e Ferraz de Vasconcelos. Já são mais de 100 crianças e adolescentes participantes e 165 jovens voluntários.
A ONG se mantém através de doações. Os interessados em ajudar esse projeto podem doar através do site da instituição ou entrando em contato pelo instagram da rede no Brasil.