O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, 76, prestou seu primeiro depoimento ao Ministério Público ontem de manhã, em Goiás e alegou “não se lembrar” das mulheres que o acusam de abuso sexual.
Ele também negou que tenha praticado qualquer tipo de crime durante seus atendimentos espirituais, de acordo com informações de Alex Neder, um dos advogados que fazem a defesa do médium.
“Ele respondeu a todas perguntas dos promotores. Negou peremptoriamente que tenha cometido qualquer tipo de abuso sexual. Ele sempre fez atendimentos acompanhado de várias pessoas “, disse Neder.
João de Deus está preso preventivamente (sem data para soltura) desde 18 de dezembro, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia sob suspeita de cometer crimes sexuais contra pessoas que procuravam tratamento espiritual.
Os promotores receberam centenas de denúncias por email de pessoas que se dizem vítimas de crimes cometidos por João de Deus. Desses casos, 77 foram ouvidos pela força-tarefa.
O advogado afirma que João de Deus “está muito debilitado” por causa de sua condição de saúde (ele é cardiopata) e que não recebe atendimento médico no presídio.
O médium nega as acusações de abuso sexual e, em depoimento à polícia ao ser preso, disse que atendimentos individuais numa sala reservada só ocorriam a pedido das próprias mulheres, e não a seu critério.
CLÁUDIA ABREU
A atriz Cláudia Abreu, 48, aumentou o coro de celebridades que usaram as redes sociais para refletir e protestar contra o médium João de Deus.
“Sempre fui arredia às redes sociais, mas não posso deixar de falar sobre assédio”, afirmou ela.
Abreu afirmou em sua conta no Instagram que já esteve duas vezes na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde o médium faz os atendimentos, e afirma que sempre foi bem tratada, tendo sido convidada para segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão, o que acabou fazendo a contragosto.
“Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade.”