sábado, 23 novembro 2024

Explosão de carro-bomba em escola de policiais mata 10 na Colômbia

A explosão de um carro-bomba deixou ao menos dez mortos e 65 feridos nesta quinta-feira (17) em Bogotá, capital da Colômbia, em um ato classificado como terrorista pelo governo.

O ataque ocorreu dentro da Academia de Polícia General Santander às 9h30 locais (12h30 em Brasília), após uma cerimônia de promoção de oficiais. O veículo, uma SUV, continha 80 quilos de explosivos.

Até a conclusão desta edição, nenhum grupo havia reivindicado o atentado – o pior já ocorrido em Bogotá desde que um carro-bomba da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) matou 36 pessoas em um clube em 2003.

Segundo as investigações, o veículo tinha placa do estado de Arauca, onde há uma forte atuação dos guerrilheiros do Exército de Liberação Nacional (ELN) – a última guerrilha do país após o desarmamento e a transformação em partido das Farc em 2017.

Testemunhas relataram que um homem chegou na portaria da escola e, ao ser detido pelos controles de segurança, acelerou e jogou o carro contra uma parede. Segundo a imprensa local, tudo indica que o motorista morreu, mas as autoridades não confirmaram essa informação.

O autor foi identificado pela Procuradoria como José Aldemar Rojas, 57, mas não foi informado se ele está ligado a algum grupo armado.

A imprensa colombiana afirma que Rojas não tinha antecedentes criminais e vivia em uma área na fronteira da Venezuela. De acordo com documentos, ele comprou o veículo usado no atentado em maio do ano passado.

TERRORISMO
O presidente da Colômbia, Iván Duque, que no momento do atentado estava em uma reunião sobre segurança em Quibdó, no oeste do país, retornou para Bogotá e fez um discurso no local.

“Dei ordens à Força Pública para que determine os autores desse ataque e os leve à Justiça. Todos os colombianos rejeitamos o terrorismo e estamos unidos para enfrentá-lo”, escreveu em rede social. “A Colômbia se entristece, mas não se dobra diante da violência.”

Policiais que pediram anonimato afirmaram à AFP que o autor foi descoberto após um cachorro identificar os explosivos em seu carro. Ele teria acelerado, atropelando um policial, e durante a perseguição explodiu o carro, acabando com a própria vida e a dos perseguidores.

Entre os mortos, há dois estrangeiros: uma cadete equatoriana e um panamenho. Outra equatoriana ficou ferida, informou o presidente do Equador, Lenín Moreno.

“O brutal ato terrorista em Bogotá cobrou a vida de uma compatriota. Meus mais sinceros pêsames aos familiares, amigos e companheiros de Erika Chicó. Esperamos a rápida recuperação de Carolina Sanango, que sofreu ferimentos leves”, disse Moreno.

Erika Chicó tinha 27 anos e estava no alojamento feminino da escola. A explosão ocorreu próxima ao edifício.

Os Estados Unidos ofereceram apoio à Colômbia na investigação e expressaram condolências pelo “repudiável” ataque e solidariedade para com os familiares das vítimas.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou nota condenando o atentado “nos mais fortes termos”.

“Ao reafirmar seu firme repúdio a todo ato de terrorismo, independentemente de sua motivação, o governo brasileiro presta suas condolências e solidariedade aos familiares das vítimas fatais, ao povo e ao governo da Colômbia, e faz votos de plena recuperação dos feridos”, diz o texto.

Duque, que assumiu o poder em agosto de 2018, endureceu a política antidrogas no país e fixou condições para reativar os diálogos de paz com a guerrilha do ELN.

Com cerca de 8 milhões de habitantes, Bogotá foi afetada por ações esporádicas de terror em 2017. Em fevereiro daquele ano, o “ELN reivindicou um atentado contra uma patrulha policial que deixou um morto. No mesmo ano, um ataque em um centro comercial de Bogotá deixou três mortos e vários feridos.

Os diálogos de paz entre o ELN e o governo estão em ponto morto desde agosto, após Duque exigir que a organização libertasse todos os sequestrados que estão em seu poder e parasse com as atividades criminais.

Os rebeldes consideram essas exigências “unilaterais inaceitáveis”, já que com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos (2010-18) haviam combinado manter conversas em Cuba.

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