quarta-feira, 15 janeiro 2025

Guimarães cai após acusação de assédio sexual

Presidente da Caixa não resiste a denúncias e deixa cargo; Daniella Marques, braço direito de Guedes, assume

O agora ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães, que pediur para sair (Foto: Reprodução)

O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, pediu demissão nesta quarta-feira (29), após ser acusado de assédio sexual por funcionárias. A saída dele do governo foi confirmada em uma carta aberta publicada em suas redes sociais. No lugar de Guimarães, entra Daniella Marques, braço direito de Paulo Guedes (Economia) e atual secretária de Produtividade e Competitividade da pasta. A troca foi oficializada no Diário Oficial da União no início da noite desta quarta.

Na carta, Guimarães nega as acusações e diz ser alvo de “rancor político em um ano eleitoral”. “É com o mesmo propósito de colaboração que tenho de me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim pessoalmente, pertence a toda a equipe que valorosamente pertence à Caixa e também ao apoio de todos as horas que sempre recebi do Senhor Presidente da República, Jair Bolsonaro”, diz.

O executivo disse ainda sempre ter se empenhado no “combate a toda forma de assédio, repelindo toda e qualquer forma de violência, em quaisquer de suas possíveis configurações”.

O agora ex-presidente da Caixa chegou ainda a participar de um evento do banco pela manhã sobre o Plano Safra. Sua presença desagradou a integrantes do governo, que buscavam reduzir o desgaste com as acusações. A Caixa não se manifestou sobre o caso.

À tarde, uma cerimônia sobre o mesmo tema ocorreu no Palácio do Planalto. Desta vez, com a participação da Daniella, que ainda não havia sido anunciada. Bolsonaro não se manifestou sobre as denúncias.

Interlocutores no Palácio do Planalto diziam que a manutenção de Guimarães à frente da Caixa Econômica Federal se tornou insustentável após os casos surgirem à tona.

Uma apuração sobre as denúncias tramita na Procuradoria da República no Distrito Federal. O caso foi revelado pelo site Metrópoles na terça (28). Na mesma noite, Guimarães foi ao Palácio da Alvorada, residência do presidente, ter uma conversa com Bolsonaro.

As denúncias dão conta de toques indesejados, convites inapropriados, entre outras coisas. À reportagem, uma funcionária relatou ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio.

Segundo ela, os assédios de Pedro Guimarães aconteciam diante de todos, dentro e fora da instituição. Nos bastidores, integrantes do governo falam em assédio sexual e moral. Há relatos ainda de xingamentos a funcionários.

O episódio é especialmente delicado para o governo, porque ocorre em meio à tentativa do chefe do Executivo de melhorar a imagem junto ao público feminino, fatia do eleitorado em que registra um dos piores índices de intenção de votos.

Apesar disso, integrantes da campanha de Bolsonaro minimizaram o impacto que as denúncias contra Guimarães têm sobre o projeto de reeleição. Eles ressaltam que a troca teria sido feita de forma rápida, apesar do silêncio do presidente em torno do assunto. 

O presidente da Caixa é um dos nomes mais próximos do presidente no governo. Está no cargo por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e ganhou a confiança do chefe do Executivo ao longo do mandato. O banco também ganhou destaque pela operacionalização do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil, principais programas sociais do governo.

Guimarães chegou a se colocar na disputa pela vaga de vice na chapa de Bolsonaro que disputará a reeleição neste ano. Também chegou a ser cogitado como substituto de Guedes em momentos de crise na pasta de seu padrinho no governo. Ele se aproximou do mandatário e sua família por ter uma visão de mundo similar à da família Bolsonaro.

Bancada de senadoras aciona a PGR

A bancada feminina do Senado enviou nesta quarta-feira (29) ao MPF (Ministério Público Federal) um pedido de celeridade na apuração das denúncias contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães. A manifestação ocorre depois de o site Metrópoles ter publicado relatos de funcionárias que afirmam terem sido vítimas de assédio sexual por parte do economista, indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2019.

“É inadmissível que uma autoridade se valha do cargo para cometer crimes de assédio, reiteradas vezes, contra suas subordinadas. Lamentamos profundamente que ao menos cinco mulheres tenham sofrido tamanha violência no ambiente de trabalho, um procedimento abjeto e recorrente”, diz a líder da bancada feminina, senadora Eliziane Gama.

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